A realidade do desenvolvimento mudou radicalmente desde que o Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) foi criado, em 1961. Hoje, os decisores políticos estão cientes que os problemas globais só podem ser resolvidos com mais e melhor cooperação para o desenvolvimento.

Foi este o mote para a apresentação do último relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), iniciativa que decorreu no passado dia 15 de dezembro, na Fundação Calouste de Gulbenkian, em Lisboa, numa organização conjunta entre o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) e a própria Fundação Gulbenkian.

Através da visão de distintos e reconhecidos líderes globais e de peritos em Desenvolvimento, o documento apresenta um balanço de 50 anos de Cooperação para o Desenvolvimento. Nele é ainda descrita a forma como a OCDE pretende responder aos novos desafios da sociedade atual.

Ana Paula Fernandes, vice-presidente do CAD, realçou na ocasião a importância das diferentes visões e sugestões incorporadas no documento, que permitem agora trilhar novos caminhos para a Ajuda Pública ao Desenvolvimento. Especialmente importante considerou ser a revisão do conceito de Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) tendo em conta novos players da ajuda – como os”Providers of Development Cooperation” – a maior coerência das posições assinaladas, a importância de se manter o enfoque no crescimento económico “pró-poor” e na capacitação e não na redução da pobreza, e a necessidade de, pós 2015, os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio incluírem questões de direitos humanos.

Isabel Mota, administradora da Fundação Calouste de Gulbenkian salientou que a APD tem contribuído para erradicar a pobreza e fazer avançar indicadores de saúde, educação, entre outros, mas que ainda existe um longo caminho a percorrer. No seu discurso especificou que os níveis de vida melhoraram em muitos países ditos “em desenvolvimento” mas que, atualmente, temos vindo a assistir a um aprofundar das desigualdades entre países e dentro dos países, sendo que a pobreza absoluta atinge hoje 1/5 da população mundial. Acrescentou ainda que o caminho deve passar pela aposta no codesenvolvimento, em criar sinergias de modo a que possamos todos ajudar e aprender uns com os outros e não na continuação do paradigma dos países mais ricos a doarem aos países em desenvolvimento.

O Presidente do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), Prof. Doutor Manuel Correia, chamou a atenção para o facto de a Nova Arquitetura Global da Ajuda ao Desenvolvimento estar cada vez mais complexa, acrescentando que o CAD, fruto de 50 anos de trabalho, deve ser reconhecido e valorizado e que novos caminhos devem ser trilhados pelo Comité.

Sumário do Relatório disponível em: www.oecd.org/dataoecd/3/44/48764214.pdf

Spread the love