No 62º aniversário do Instituto Marquês de Valle Flôr, Carlos Telles de Freitas, administrador do IMVF, destaca alguns dos principais momentos do último ano e fala sobre os desafios e perspetivas que se apresentam ao Instituto na próxima década.
Que momentos estão a marcar o ano de 2013?
O IMVF ficou marcado por vários factos importantes. Num primeiro momento destacaria a constituição da primeira Rede Intermunicipal de Cooperação para o Desenvolvimento, que conseguiu unir vários municípios em torno de um só objetivo: a cooperação descentralizada. Por outro lado, orgulha-nos tanto o sucesso do projeto Escola + como a celebração dos 25 anos de existência do Saúde para Todos, que recebeu inclusive o estatuto de utilidade pública pelo Ministério da Saúde, no culminar de um longo trabalho, onde se destaca este ano a inauguração da nova plataforma de telemedicina. Por fim, num país com muitas carências como a Guiné, é muito importante termos conseguido arrancar com o projeto da Redução da Mortalidade Materno-Infantil que irá certamente contribuir para mudar a realidade deste país nesta área tão fundamental para o Desenvolvimento, assim como foi conseguido no Índice de Desenvolvimento Humano de São Tomé e Príncipe como o Programa Saúde para Todos.
Que desafios se apresentam ao IMVF neste 62º aniversário?
Ao longo da sua existência, o IMVF tem sabido reinventar-se. Recordamos, por exemplo, que foi uma das primeiras instituições a dar estágios a pessoas oriundas de países africanos, nos anos 60. Mais tarde, com a mudança política que aconteceu em Portugal, conseguimos adotar uma postura na área da cooperação mais virada para a transferência de conhecimento que para o assistencialismo a esses países. Para o futuro o que se perspetiva é tornarmo-nos num facilitador de trocas de conhecimento nos vários setores de atividade em que atuamos: saúde, educação, segurança alimentar, etc.
Nestes tempos de incerteza financeira que valores se devem levantar mais alto?
A postura que o Instituto tem mantido ao longo da sua existência no rigor da execução dos seus projetos tem sido e é uma imagem de marca que devemos preservar para o futuro, uma vez que nos distingue. Por outro lado, não nos limitamos a trabalhar com o que temos, ou seja, trabalhamos com os recursos que existem hoje – que serão cada vez mais escassos no futuro – tentando rentabilizá-los ao máximo para que, a longo prazo, os custos para fazer as mesmas coisas sejam cada vez mais reduzidos.
Onde imagina o IMVF daqui a 10 anos?
Podemos perspetivar o IMVF daqui a 10 anos como um centro de excelência na partilha de conhecimento, fazendo pontes entre parceiros, uns detentores de conhecimento e outros sedentos de o adquirir para que ambas as partes se juntem à mesma mesa e consigam chegar a plataformas de cooperação e de entendimento. Vejo também o IMVF como um ator privilegiado na facilitação de projetos de cooperação promovendo o encontro entre parceiros para que estes possam unir os poucos recursos que têm e para que estes sejam utilizados para um bem comum e não para ações individuais. Vemos também o IMVF como uma entidade que daqui a cinco ou 10 anos poderá ter um papel importante na definição de tendências da cooperação, através de uma partilha de conhecimento aberto. O futuro que se perspetiva é diferente do presente mas estaremos sempre orientados para as necessidades das populações e unidos pelos mesmos princípios de sempre: rigor, equidade, espírito de parceria e sustentabilidade das ações.