Até 2015, a comunidade internacional estará envolvida num processo de avaliação dos progressos nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) e de definição de uma agenda global para o desenvolvimento no período pós-2015.
Muito mudou desde a altura em que estes objetivos foram aprovados: os equilíbrios de poder no sistema mundial estão em mutação acelerada, a geografia mundial da pobreza alterou-se substancialmente, a dicotomia norte-sul está descaracterizada, há uma maior consciencialização sobre a interdependência dos desafios globais e sobre a persistência de desigualdades estruturais. Neste contexto, a nova agenda global pós-2015 deverá assumir a centralidade das pessoas e dos direitos humanos nos processos de desenvolvimento e o imperativo de responder às crescentes desigualdades nas suas variadas dimensões.
As lições aprendidas desde 2000 alertam ainda para a necessidade de ir para além da ajuda ao desenvolvimento – com maior atenção a outros instrumentos e à coerência entre várias políticas – e dos próprios ODM, abordando um leque alargado de políticas públicas globais que são fundamentais para os resultados de desenvolvimento nas suas dimensões económica, social e ambiental. Tal implicará abordar questões sensíveis como o comércio, a regulação dos sistemas financeiros, a mitigação dos efeitos sobre o ambiente, a governação económica global e outros assuntos que têm estado largamente ausentes da discussão nos fóruns de desenvolvimento.
Assim, para além de concentrar os esforços de redução da pobreza em países e situações específicas (como os países mais pobres, as populações mais vulneráveis e os países em situação de conflito e de maior fragilidade), o objetivo já não poderá ser apenas a erradicação da pobreza extrema, mas um desenvolvimento o mais inclusivo e sustentável possível.
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