Lançado no dia 10 de julho, no Centro Cultural Português, na cidade de São Tomé, o primeiro Dicionário da Língua Gestual de São Tomé e Príncipe, nasce da necessidade de melhorar a qualidade de vida e de combater o isolamento da comunidade surda são-tomense, composta por cerca de 5000 pessoas, ou seja 3% da população deste pequeno arquipélago de 180.000 habitantes.
Otimizando a capacidade de ensino, aprendizagem e integração social, e com o intuito de quebrar os constrangimentos linguísticos existentes, este dicionário surge no âmbito do projeto “Sem Barreiras” promovido pela Universidade Católica Portuguesa, pelo Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Infante Santo e pelo Instituto Marquês de Valle Flôr, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, do Ministério da Educação, Cultura e Formação e do Ministério dos Assuntos Sociais de S. Tomé e Príncipe.
Possibilitando que os surdos são-tomenses se reunissem, pela primeira vez, em contexto de partilha e aprendizagem, entre 2013 e 2014, com o apoio de uma surda gestuante nativa de Língua Gestual Portuguesa, o projeto Sem Barreiras surgiu como resultado das missões de especialidade de Otorrinolaringologia do programa Saúde para Todos, durante as quais foi identificada a necessidade de uma intervenção integrada com terapia da fala e língua gestual.
Compreendendo três domínios de ação – nomeadamente, a deteção e tratamento da surdez, quando possível; o ensino e aprendizagem de uma língua de modalidade visual, quando a surdez não é medicamente tratável; e a capacitação de formadores são-tomenses para, em ambiente escolar e devidamente enquadrados na carreira docente e no currículo escolar, disseminar, proteger e promover essa mesma língua criada – o projeto Sem Barreiras surge assim de uma parceria entre a CUF Infante Santo, a Universidade Católica de Lisboa e o Ministério da Educação de São Tomé e Príncipe, sendo albergado pelo IMVF. Este projeto não seria igualmente possível sem o financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, e também da Cooperação Portuguesa, através do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, IP., bem como do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica e ainda, numa fase inicial, pela Mota Engil.
Da responsabilidade das Professoras Ana Mineiro, Patrícia Carmo e de Ricardo Oliveira, o primeiro dicionário da Língua Oficial de São Tomé e Príncipe é bilingue e está organizado em torno de 18 áreas temáticas – da Alimentação ao Vestuário, passando pelas Emoções ou Transportes – apresentando os gestos que aí pertencem através de fotografias, e sendo complementados pelo alfabeto manual são-tomense, também difundido no âmbito do projeto.
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