A mais recente missão de oftalmologia promovida pelo IMVF em São Tomé e Príncipe permitiu a observação de mais de 500 doentes e a realização de mais de 70 intervenções cirúrgicas durante duas semanas, atuando na prevenção e na cura da cegueira e de outras doenças oftalmológicas.
Entre os dias 30 de maio e 13 de junho de 2015, uma equipa de profissionais portugueses constituída por 5 médicos e uma enfermeira do serviço de oftalmologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental – Hospital Egas Moniz realizou 509 consultas, 73 cirurgias e várias comunicações e ações de formação em bloco operatório e em contexto de consulta dirigidas a técnicos locais, possibilitando capacitar os profissionais são-tomenses na observação e avaliação de doentes e na correta utilização dos equipamentos médicos.
A avaliação dos doentes previamente selecionados e submetidos a cirurgia nas missões anteriores e a realização de intervenções cirúrgicas de acordo com as patologias detetadas, dando continuidade à assistência médica e cirúrgica oftalmológica foram os principais objetivos cumpridos nos 15 dias em que a equipa liderada pelo Dr. Luís Dias Pereira, chefe da missão da especialidade de oftalmologia em São Tomé e Príncipe no âmbito do Saúde para Todos: Programa Integrado – Projeto de Cuidados Especialidades e Telemedicina esteve no terreno.
Somente às cataratas, a principal causa de cegueira reversível a nível mundial, foram submetidos a cirurgia 39 pacientes, um dos quais em idade pediátrica, operados no Hospital Dr. Ayres de Menezes. Através da introdução de uma lente intraocular recuperaram integralmente a visão, evitando-se a cegueira. 8 das cirurgias foram feitas a glaucomas, as restantes a outras patologias graves identificadas.
Foram ainda realizadas 74 consultas de enfermagem, 11 intervenções com recurso a laser e 60 exames complementares de diagnóstico (estudos ecográficos e biometrias), ajudando ao correto seguimento dos doentes e foram reavaliados alguns doentes observados previamente entre missões através do TELEYE, a solução de telemedicina inaugurada em fevereiro de 2015 que integra um conjunto de equipamentos de oftalmologia e que permite a realização de exames oftalmológicos completos à distância entre São Tomé e Lisboa.
No decorrer desta missão foi também realizado um rastreio oftalmológico em idade pediátrica, no qual onde foram avaliadas 128 crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 13 anos. Esta ação envolveu 3 escolas do ensino primário (1º e 2º ano de escolaridade) das regiões de Potó, Madalena e Santana. Foram sinalizadas 16 crianças com problemas oftalmológicos, que deverão ser submetidas a uma avaliação mais rigorosa a nível da consulta de oftalmologia.
Esta é a segunda missão de especialidade de oftalmologia realizada este ano, e a 17.ª desde o início do projeto Saúde para Todos: Programa Integrado – Projeto de Cuidados Especialidades e Telemedicina, promovido pelo IMVF em estreita parceria com Ministério da Saúde e dos Assuntos Sociais de São Tomé e Príncipe e cofinanciado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e pela Fundação Calouste Gulbenkian.
A próxima missão tem data marcada para os dias 3 a 17 de outubro de 2015 e a equipa será constituída por 4 médicos e uma enfermeira.
Reunião de Oftalmologia e Pediatria
Desenvolvimento da visão, patologia neonatal, infeciologia, traumatologia e anestesia em oftalmologia foram os principais temas abordados na Reunião de Oftalmologia e Pediatria que decorreu no dia 6 de junho, no Centro Cultural Português no âmbito da 17º missão da especialidade de oftalmologia.
A sessão de abertura e de encerramento da reunião contou com a presença do primeiro secretário da Embaixada de Portugal em São Tomé e Príncipe, Dr. Nuno Félix, em representação da Embaixadora de Portugal no país, Dra. Paula Silva, do diretor dos cuidados de saúde, Dr. Amadeu Maia, em representação da Ministra da Saúde são-tomense, Dra. Maria de Jesus Trovoada, do coordenador de projetos do IMVF em São Tomé e Príncipe, Dr. Edgar Neves, do diretor clínico do Hospital Ayres de Menezes, Dr. Celso Matos e do chefe da missão de oftalmologia em São Tomé e Príncipe, Dr. Luis Dias Pereira.
Esta iniciativa, que decorreu no quadro do programa Saúde para Todos: Especialidades, contou com o apoio do IMVF, do Ministério da Saúde e dos Assuntos Sociais de São Tomé e Príncipe, do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e da Fundação Calouste Gulbenkian e com o patrocínio da Essilor.
Saúde para Todos em números
Desde 2008 que os técnicos são-tomenses contam com o apoio permanente de equipas portuguesas de várias especialidades médicas, que ajudam a identificar casos urgentes, realizam consultas e cirurgias e dão formação “on the job”. Tudo graças ao projeto Saúde para Todos: Programa Integrado – Projeto de Cuidados Especialidades e Telemedicina. Os números são exemplificativos dos resultados que têm vindo a ser alcançados no âmbito deste programa: mais de 20 mil consultas, mais de 3 mil intervenções cirúrgicas e mais de 300 sessões de formação das diversas especialidades até ao momento. Uma iniciativa que tem vindo a complementar, de forma eficaz e sustentável, a prestação de cuidados preventivos e primários, com assistência local especializada de cuidados secundários e terciários.
As missões médicas da especialidade de oftalmologia – decorrentes entre 2010 e 2014 – representaram o equivalente a 19,9% dos custos previstos caso o tratamento decorresse em Portugal, contribuindo para uma poupança de 80,1% (equivalência a valor de Grupo de Diagnósticos Homogéneos – GDH em Portugal). A utilização de somente 1/5 do valor total previsto para as intervenções em Portugal vem reforçar o relevante papel que as missões de especialidade têm desenvolvido no terreno, demonstrando uma clara eficiência na utilização de recursos face ao número de intervenções realizadas.
As missões médicas de curta duração permitiram já reduzir os elevados custos financeiros e sociais associados às evacuações sanitárias, tanto para os Governos como para os utentes, abrindo caminho para a autonomização da prestação de assistência especializada pelos próprios técnicos locais. Um processo que tem sido fortemente apoiado por um sistema de Telemedicina que permite um maior acompanhamento à distância, a assistência técnica especialidade em tempo real e uma melhor gestão dos pacientes e, por conseguinte, uma maior eficácia destas deslocações médicas pontuais.
O IMVF começou a atuar em São Tomé e Príncipe em 1988 no âmbito dos cuidados de saúde preventivos e primários, tendo na época a cobertura de apenas um distrito. A sua intervenção no setor da saúde foi progredindo e desde 2008 que são desenvolvidas missões médicas que neste momento abrangem 22 especialidades em todo o território.
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