Foi publicado o exame do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento à Cooperação Portuguesa, realizado pelo Luxemburgo e pela República Checa em 2015. Os últimos exames do CAD-OCDE tiveram lugar em 2000, 2006 e 2010, assumindo-se como um importante instrumento de debate e reformulação da política de cooperação.

Apresentam-se aqui as principais recomendações desta avaliação das políticas e programas de Portugal em matéria de cooperação para o desenvolvimento.

1. Esforço integrado em prol do Desenvolvimento

  • Tendo por base o forte compromisso político com a coerência das políticas para o desenvolvimento, Portugal deve investir na análise e acompanhamento/monitoria de como as suas políticas setoriais em áreas-chave estão a afetar os países em desenvolvimento, tomando medidas para responder a inconsistências e incoerências.
  • Quando Portugal desenvolver a sua abordagem para o desenvolvimento do setor privado, deve assegurar que esta tem um impacto positivo no desenvolvimento e que respeita as recomendações do CAD em matéria de desligamento da ajuda.

2. Visão e Política de cooperação para o desenvolvimento

  • No seguimento do Conceito Estratégico 2014-2020, Portugal deve estabelecer um plano operacional de médio-prazo realista, que identifique um conjunto de prioridades realizáveis para o seu programa de cooperação, em consonância com as suas capacidades de financiamento e de competências. Deve desenvolver também orientações adequadas para a implementação desse plano.
  • Portugal deve integrar na sua totalidade o portfolio de empréstimos concessionais nos seus processos de planeamento estratégico e programação por país, de forma a explorar sinergias.
  • O Camões I.P. deve prosseguir uma política de recursos humanos na administração pública que integre a igualdade de género e o ambiente em todos os programas de Portugal.

3. Afetação da ajuda portuguesa

  • Portugal deve estabelecer uma calendarização e metas intermediárias para cumprir os compromissos internacionais sobre o volume de ajuda ao desenvolvimento, de acordo com a recuperação da economia. Este plano deve incluir um compromisso para aumentar a componente de donativos no seu orçamento de ajuda ao desenvolvimento.
  • Portugal deve reverter o decréscimo da ajuda a países menos avançados (PMA) e manter o envolvimento nos países com maiores necessidades, de acordo com os compromissos efetuados na Reunião de Alto-Nível do CAD em 2014. Portugal deve também cumprir a Recomendação do CAD de 1978 sobre os termos e condições dos empréstimos a PMA.

4. Gestão da Cooperação Portuguesa

  • Portugal deve examinar o seu modelo de negócio para assegurar que a entidade encarregada da gestão do seu sistema complexo de cooperação tem um mandato claro e adequado.
  • Portugal deve também analisar se esta entidade possui os recursos humanos e financeiros adequados para cumprir o seu mandato.
  • Portugal deve assegurar que a sua política de cooperação para o desenvolvimento é gerida por recursos humanos e regras financeiras com flexibilidade suficiente para implementar de forma eficaz o seu programa.

5. Implementação e Parcerias

  • Portugal deve reforçar as suas orientações e os incentivos para a utilização dos sistemas dos países parceiros, na implementação dos programas de cooperação.
  • Portugal deve caminhar no sentido de estabelecer contratos-programa/quadro com ONGD parceiras selecionadas.
  • Portugal deve criar análises de risco e de contexto partilhadas, para orientar os numerosos atores públicos que trabalham em Estados frágeis.
  • Nos futuros programas e afetações de ajuda, Portugal deve prosseguir todos os esforços ao seu alcance para cumprir a recomendação da OCDE e os compromissos assumidos em Busan para desligamento da ajuda.

6. Gestão por resultados e prestação de contas

  • Portugal deve assegurar que todos os programas-país possuem um conjunto claro de resultados esperados e que o staff monitoriza regularmente o progresso relativamente a esses resultados/metas.
  • Os atores que intervêm na cooperação para o desenvolvimento devem partilhar entre si as lições aprendidas, as abordagens e os resultados numa base regular, para conseguir um programa de cooperação mais coeso e coordenado.
  • Portugal deve adotar e colocar em prática a nova política de avaliação, o mais depressa possível.

7. Ajuda Humanitária

  • Portugal deve basear-se na sua nova estratégia operacional para a ajuda humanitária para assegurar que as respostas futuras são previsíveis, assentes nas vantagens comparativas portuguesas e em linha com os princípios da ação humanitária.
  • Portugal deve estabelecer orientações para o uso de bens civis e militares no plano da Defesa, no âmbito das suas respostas humanitárias, de acordo com os acordos internacionais.

Consulte aqui o relatório completo:
Parte 1   |   Parte 2

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