O poster sobre a relação entre a rubéola e a perda de audição em São Tomé e Príncipe foi apresentado no 13º Congresso da Sociedade Europeia de Pediatria Otorrinolaringológica, que decorreu entre 18 e 21 de junho de 2016, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Uma das principais conclusões do estudo aponta para a urgência de disponibilizar a vacina para prevenir a rubéola no país.
O poster “Rubella is still causing Hearing loss” é um trabalho assinado por 8 autores de 5 instituições, entre os quais, o Prof. Dr. João Paço, a Dr. Cristina Caroça e a Dra. Paula Campelo, do Hospital CUF Infante Santo, que integram as missões médicas de ORL a São Tomé e Príncipe, no âmbito do projeto Saúde para Todos: Especialidades.
A vacinação para prevenir a rubéola não está disponível no arquipélago são-tomense e a epidemiologia e a imunidade em relação à rubéola nunca tinham sido estudadas nesta população. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o sistema imunitário a partir de amostras recolhidas durante as missões humanitárias a São Tomé e Príncipe, bem como descobrir se existe associação entre a rubéola IgG e a perda auditiva.
Segundo os autores, “prevenir a perda auditiva é essencial numa comunidade onde essa prevalência é alta em crianças. É obrigatório identificar os principais fatores de risco. O desafio torna-se ainda mais significativo quando alguns deles podem ser evitados.”
Verificou-se, em São Tomé e Príncipe, um aumento da prevalência de perda auditiva neuro sensorial causada pela rubéola. Durante a gravidez – sobretudo durante o primeiro trimestre de gestação – se uma mulher contrair rubéola, há 90% de probabilidades de o feto desenvolver a síndrome da rubéola, podendo nascer com várias deficiências, isto se sobreviver. A perda auditiva é um dos possíveis problemas consequentes.
Como metodologia de estudo, foram observadas 147 pessoas dos 2 aos 14 anos, tendo sido efetuadas avaliações audiológicas e colheitas de sangue. Os indivíduos foram divididos em 2 grupos: o case group, em que, pelo menos, num dos ouvidos havia perda auditiva; e o control group, no qual ambos os ouvidos não tinham qualquer problema auditivo. O primeiro grupo reuniu 68 crianças, enquanto que o segundo juntou 79.
Os resultados do estudo apontaram para a existência de rubéola IgG em 50,3% dos indivíduos, confirmando-se uma associação estatisticamente significativa entre a perda auditiva e a infeção por rubéola, que atua como um fator de risco, duplicando as possibilidades de perda de audição. Os autores concluem, assim, que é urgente disponibilizar a vacina para prevenção no país.
O Saúde para Todos: Especialidades, implementado em São Tomé e Príncipe pelo IMVF em estreita parceria com o Ministério da Saúde e dos Assuntos Sociais de São Tomé e Príncipe e financiado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Direção de Geral de Saúde de Portugal. Saiba mais sobre o projeto aqui.
Consulte o poster “Rubella is still causing Hearing loss” aqui.