O primeiro djumbai regional do UE-PAANE Fase di Kambansa com o tema “O acesso à formação técnico-profissional ao nível das regiões: uma alternativa para promover o emprego” teve lugar no dia 16 de março de 2017, no clube desportivo da cidade de Catió, na região de Tombali, e contou com a presença de cerca de 90 participantes, em especial jovens do Liceu Regional Areolino Cruz.
O primeiro painel foi ministrado pelo diretor do Instituto Nacional de Formação Técnico-Profissional (INAFOR), Geraldo Moçanto da Silva, que abordou a temática “Políticas/programas de incentivo à formação técnico-profissional para jovens das regiões”. Na sua comunicação, Geraldo Moçanto disse que a formação técnico-profissional não deve ser vista como uma alternativa à formação superior, mas como uma via para a capacitação dos jovens, e que por isso é necessário que haja uma Política de Formação Técnico-Profissional, pois até então no país não foram legisladas medidas para gerir este setor. Como consequência, e a título de exemplo, Geraldo Moçanto revelou que ainda não está regulamentado na Guiné-Bissau um sistema nacional de qualificações e um regime jurídico de formação profissional de equivalência para certificados e diplomas.
O “Papel da sociedade civil na promoção da formação juvenil” foi o tema do segundo painel, cuja apresentação ficou a cargo do secretário executivo da ONG ALTERNAG, Jamel Handem. Face às estatísticas que mostram que no país a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 ou mais anos é de cerca de 49% da população, sendo que destas 65% são mulheres da zona rural; e que somente 2.14% do PIB são destinados à educação; Jamel Handem disse que na ausência de oportunidades, cabe à sociedade civil mobilizar-se e agir para ajudar na solução dos problemas básicos do cidadão, que na sua maioria é constituída de uma população jovem, carente e vulnerável. “À sociedade civil guineense se exige, não só o mero papel de complementar o Estado, mas de líder nas iniciativas e ações de desenvolvimento, particularmente de promoção da formação juvenil, tornando os jovens em cidadãos aptos, conscientes e livres”.
O último painel ficou a cargo do Encarregado da Administração e Finanças da SWISSAID, António Badinca, que abordou o tema “Exploração de novas potencialidades/oportunidades de emprego para jovens no meio rural”. António Badinca mostrou aos participantes que, muito embora as vicissitudes do país, se os jovens do meio rural estiverem dispostos a assumir desafios, tiverem vontade empreendedora e procurarem capacitação em termos de conhecimento, podem fazer a diferença enveredando pelo empreendedorismo, seja ele por conta própria, agrupamento, associação, cooperativa, entre outros. A título de exemplo, mencionou o caso da Cooperativa Agro-Pecuária de Jovens Quadros (COAJOQ) que começou com a força de vontade de quatro jovens que na altura dispunham de 30 mil francos CFA, 35 quilos de arroz, 10 quilos de feijão e uma caixa de fósforo com semente de pepino para o arranque da cooperativa.
- Definir de uma estrutura e órgãos de tutela do Ensino de Formação Técnico-Profissional;
- Legislar Medidas da Política de Formação Profissional;
- Reforçar as capacidades do INAFOR;
- Criar de Centros de Formação Profissional nas regiões;
- Adaptar a formação juvenil às necessidades de aquisição de conhecimentos e ferramentas úteis ao meio onde o jovem está inserido, fixando-o no seu espaço social, humano e físico;
- Promover o trabalho da sociedade civil com os jovens e as suas comunidades e incentivar a aquisição de conhecimentos e ferramentas necessários a resolução dos problemas locais e de bem-estar coletivo;
- O poder político nacional e seus parceiros de desenvolvimento devem em conjunto redefinir as políticas socioeconómicas, tornando-as realistas e exequíveis para o desenvolvimento rural sustentável;
- Criar um fórum de concertação e tomada de decisões sobre os assuntos ligados à problemática do desenvolvimento rural, tais como a fomentação das ações que favoreçam a permanência dos jovens no meio rural, com trabalho, rendimento e cidadania;
- Realizar um estudo que contemple entre outros, o recenseamento das potencialidades de realização dos projetos sociais e/ou económicos por jovens nos seus meios rurais e identificar as oportunidades de financiamento desses projetos a nível interno (pessoal/familiar) e a nível externo (fundos de microcrédito, poupança-crédito, projetos de desenvolvimento comunitário, entre outras fontes de financiamento externo);
- Realizar ateliers/workshops locais de partilha de ideias e conhecimentos resultantes desse estudo, a fim de dar melhor orientação a esses jovens na escolha e implementação dos seus projetos/objetivos.