O Ciclo de Cinema de Economia Social e Solidária encerrou em Lisboa, dia 11 de maio de 2017, com o documentário “Palmas”, de Edlisa Peixoto, com muito debate em torno de sistemas de trocas e de finanças em diferentes espaços geográficos e culturais. Num LARGO Café Estúdio que se encheu de um público curioso para escutar a história de uma comunidade de pescadores remetida para a periferia de Fortaleza, ouviu-se o mar. Mas da praia para o interior foi preciso reinventarem-se. “A gente não tinha nada.”

Abriram-se ruas, conquistou-se água, luz, saneamento… A pulso. Ergueram-se casas, semeou-se entre-ajuda e entre conversas nada podia ser mais claro: “A gente não é pobre. O nosso dinheiro é que não fica no bairro.” Daí a nascer o Banco Palmas não faltou muito. Começando-se com pequenos empréstimos e estimulando o consumo no Conjunto Palmeiras com a moeda “Palmas” foi possível revitalizar o comércio no bairro, abrir novos negócios e poupar. Enquanto moeda com lastro, o “Palmas” pode ser convertido em reais e mostra como, de facto, uma economia complementar é possível e uma economia alternativa é desejável.

Também em Campolide, para incentivar o comércio local e paralelamente incutir nos residentes a prática da reciclagem, nasceu a moeda “Lixo”, por iniciativa da Junta de Freguesia. Na conversa que se seguiu ao filme “Palmas”, Joana Lopes, da Junta de Freguesia de Campolide, explica que esta também é uma moeda circunscrita ao seu bairro, válida nos estabelecimentos aderentes. É entregue às pessoas recenseadas da freguesia que recolhem e entregam à Junta pilhas e embalagens de lixo reciclável e passada aos comerciantes que – uma vez aceitando-a – a reutilizam nas suas compras dentro do bairro. Uma dinâmica que estabelece parcerias entre os moradores do bairro, numa lógica de proximidade, preservando o ambiente.

Degustando uma condimentada feijoada à brasileira no final do serão, o debate prosseguiu animado… Um momento único para não deixar adormecer ideias, ou melhor, para pô-las em prática. Na América Latina, na Inglaterra, na Catalunha… foram diferentes os exemplos dados de lugares onde se registam experiências como as observadas – ora mais circunscritas a trocas comerciais ora mais alargadas à concessão de crédito e ao sistema de poupanças. “Há aqui diferentes nuances. Temos de continuar a falar sobre isto, vendo o que há por aí… como se está a fazer economia de forma diferente”, desafiou um dos participantes. Vamos a isso?

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Por: Âmago Multimédia

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