O manifesto “Maximizar a Dignidade através da Economia Social e Solidária” foi apresentado na manhã do dia 23 de janeiro de 2018, no Parlamento Europeu em Bruxelas. No decorrer desta sessão, vários atores da Economia Social e Solidária (ESS) solicitaram às instituições da União Europeia e aos governos que reconhecessem a importância da ESS para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O evento, presidido pela eurodeputada Elly Schlein, foi uma ocasião para discutir a ESS e seu papel na implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável adotada pelas Nações Unidas. Foi ainda sublinhado o papel que a ESS pode representar como modelo para o setor privado na transição para uma economia sustentável. O evento contou com a presença de Elly Schlein (membro do Parlamento Europeu), Giorgio Menchini (COSPE), Marina Sarli (Fair Trade Hellas), Kasia Hanula-Bobbitt (CONCORD EUROPE) e Jason Nardi (RIPESS).

Por um novo paradigma social 

Um número cada vez maior de pessoas enfrenta atualmente uma série de desafios sociais integrados num modelo económico insustentável, que incluem a exploração, condições de emprego e de vida precárias, alterações climáticas, poluição e esgotamento de recursos naturais. Parece existir uma incompatibilidade entre a existência de condições de vida dignas para toda a gente no planeta e o atual caminho económico predominante. A competição e os lucros são o solo onde se enraíza este suposto desenvolvimento, o que resulta numa crise multifacetada impossível de ultrapassar sem a criação de um novo paradigma social, no qual a Economia Social e Solidária pode desempenhar um papel fundamental.

Jason Nardi, da RIPESS – Réseau intercontinental de promotion de l’économie sociale solidaire sublinhou que é necessário “questionar o paradigma de crescimento que nos leva a uma direção insustentável”. Para o representante, os valores da ESS, nomeadamente o Humanismo, a democracia, a solidariedade, a inclusão, a subsidiariedade, a diversidade, a criatividade, o desenvolvimento sustentável, a igualdade, a equidade e a justiça para todos, o respeito e a integração de países e povos e uma Economia Plural e Solidária são o foco para garantir que é possível transformar um modelo económico que permite que mais de 80% da riqueza de todo o mundo esteja nas mãos de 1% da população. Também o antigo membro do parlamento Europeu, Jordi Sebastia destacou a incoerência que o atual modelo representa. “A UE está cada vez mais rica, no entanto um quarto da população da UE, 123 milhões de pessoas, vivem em risco de pobreza e exclusão social”.

A resposta às crescentes desigualdades pode centrar-se na ESS, que pode ser vista como um paradigma no estabelecimento de padrões para um setor privado que atua dentro do respeito pela dignidade e direitos e humanos e, mais ainda, na luta contra a pobreza global e em prol da promoção de um mundo sustentável, tal como destacado no documento “Maximizar a Dignidade”. Os princípios da economia solidária baseiam-se numa troca solidária que liga as necessidades individuais às da comunidade, sem perder de vista a dimensão global das nossas vidas. Isto significa criar condições de vida dignas para todas as pessoas do mundo.”

No enquadramento do projeto, os 26 parceiros realizaram uma das maiores investigações europeias sobre o tema, mapearam a nível europeu iniciativas de ESS, promoveram estudos, documentários, formações e eventos. Toda a informação sobre o projeto está disponível no website do projeto aqui.

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