A Saúde é um direito humano básico, um bem comum global e um pilar determinante do desenvolvimento sustentável.
Falar de saúde é assim falar de direitos humanos, que devem ser universais a todas as pessoas e em todas as geografias. Infelizmente, também sabemos que existem determinantes, demasiadas, a comprometer o acesso a uma saúde de qualidade, como as crescentes desigualdades económicas, a má nutrição, a falta de saneamento, a falta de acessos, o género, entre outros.
E é num contexto cada vez mais desafiante que na área da Saúde se destaca o trabalho do Fundo das Nações Unidas para a População.
Do que estamos à espera? Foi a pergunta de partida para uma aula aberta sobre as desigualdades na saúde e nos direitos sexuais reprodutivos, no dia 10 de fevereiro, com a Diretora do Fundo das Nações Unidas para a População em Londres, Mónica Ferro, promovida pela Universidade da Maia.
Entre 2000 e 2020, a mortalidade materna caiu cerca de 34%. Entre 1990 e 2021, o número de mulheres com acesso a métodos contracetivos modernos duplicou. Hoje, há pelo menos 162 países que aprovaram leis sobre violência doméstica. Mas, infelizmente, a mortalidade materna mantém-se como uma crise global.
“A melhor métrica de desenvolvimento humano é a saúde materna” diz Mónica Ferro aos alunos/as presentes na aula aberta. E, por isso, relembra: é importante sabermos que todos os dias morrem 800 mulheres por causas ligadas à gravidez, ao parto e ao pós-parto, é uma mulher a cada dois minutos, 99% das quais em países de renda baixa. Temos assistido a retrocessos alarmantes para a saúde das mulheres nos últimos anos, uma vez que as mortes maternas aumentaram.
E, perante os múltiplos desafios, quando nos focamos nos números, “os problemas e a solução tem sempre a forma de um corpo de mulher” , ou seja, se somos muitos vamos impedir as mulheres de ter filhos e numa narrativa em que somos poucos e que estamos num Inverno demográfico, vamos forçar as mulheres ater filhos, limitando o acesso ao planeamento familiar, com políticas prós natalistas que remetem a mulher para a situação de “entidade “ reprodutora.
Quando há 31 anos o mundo se reuniu no Cairo, na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, e, por consenso, colocou as pessoas no centro do processo de desenvolvimento e reconheceu a importância da realização dos direitos reprodutivos, reafirmando o direito ao planeamento familiar, a necessidade de dar voz às meninas e mulheres demonstrou que era possível construir um mundo com mais dignidade. Mas este é um trabalho diário. Mais do que nunca é necessário que estejamos conscientes de que a justiça social não é uma responsabilidade do outro, nem de alguns, mas uma responsabilidade de todos/as. E é precisamente na mobilização dos jovens, que a Campanha tODxS pela Educação para a Cidadania Global desenvolve um conjunto de ações orientadas para a necessária transformação rumo à justiça social e o bem-comum.
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Fotos: Universidade da Maia