De 15 a 20 de setembro, os municípios de Florencia, El Doncello e El Paujil (Caquetá, Colômbia) foram palco de uma missão internacional de intercâmbio no âmbito do projeto “Bioagrodiversidade do Cacau e Resiliência Climática: Cooperação Triangular entre Colômbia, Portugal e São Tomé e Príncipe”.
São Tomé e Príncipe, reconhecido pela sua riqueza genética, e Caquetá, sul da Colômbia, fronteira entre os ecossistemas andino e amazónico, partilham desafios sociais e ambientais que fazem do cacau um cultivo estratégico para a coesão social, a sustentabilidade económica e a adaptação às alterações climáticas.
Este projeto, financiado pela Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB) e pelo Camões, I.P., é desenvolvido em parceria pela Associação Marquês de Valle Flôr (AMVF), o Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), a Universidade de Évora, de Portugal, a Red Adelco e o Instituto SINCHI, da Colômbia, e o Centro de Investigação Agronómica e Tecnológica (CIAT) de São Tomé e Príncipe.
Juntos, procuram:
- contribuir para a mitigação das alterações climáticas;
- valorizar da biodiversidade, através da promoção de sistemas agroflorestais tropicais, com ênfase no cacau;
- fortalecer a resiliência climática;
- gerar e divulgar conhecimento científico e técnico de grande valor para o desenvolvimento rural na Colômbia e em São Tomé e Príncipe.
Missão de Investigação e Intercâmbio de conhecimento na Colômbia
Esta semana terminaram duas missões de investigação em Caquetá: o CIAT-STP, enviou um investigador para, juntamente com o Instituto SINCHI, trabalhar no estudo genético de variedades locais de cacau silvestre caquetenho, em busca das razões para a sua maior resiliência.
Uma Investigadora da Universidade de Évora, esteve dedicada ao estudo sociológico comparativo do tecido associativo em torno da produção de cacau nos dois territórios, dando continuidade a uma primeira fase conduzida em São Tomé e Príncipe.
Para além da produção de conhecimento científico, o projeto prevê também a valorização das experiências dos principais atores desta cadeia agrícola: os produtores de cacau. No intercâmbio realizado em Caquetá, produtores santomenses visitaram unidades produtivas, viveiros comunitários, centros de armazenamento e processamento de cacau, bem como fábricas de transformação em chocolate. Nessas visitas, participaram em diálogos técnicos sobre práticas agroecológicas, qualidade, rastreabilidade e modelos associativos.
Todas estas experiências e aprendizagens estão a ser sistematizadas e irão dar origem a artigos científicos, conferências internacionais e estratégias de governança, reforçando os laços entre produtores e especialistas da América Latina, África e Europa.
Impacto esperado
O projeto beneficiará diretamente mais de 7.500 pessoas, incluindo famílias produtoras, cooperativas, centros técnicos e organizações da sociedade civil na Colômbia e em São Tomé e Príncipe. Além disso, permitirá gerar conteúdos científicos e técnicos que orientarão políticas públicas e abrirão novas oportunidades de comercialização justa e sustentável no setor cacaueiro.
Com esta missão, reafirma-se o papel dos territórios como espaços-chave para a inovação em sistemas agroflorestais, demonstrando que a cooperação internacional pode transformar realidades locais e, ao mesmo tempo, contribuir para os objetivos globais de sustentabilidade.