Praga, na República Checa foi o local escolhido para a terceira ronda de formações internacionais no âmbito do projeto Fruta Tropical Justa, nos dias 29 de fevereiro e 1 de março de 2016. O encontro reuniu 21 ativistas de 6 países europeus (Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Itália, Polónia e Portugal) com o intuito de desenvolver as competências e ferramentas na criação e divulgação de campanhas de comunicação.

A formação centrou-se na campanha “Make Fruit Fair/Fruta Tropical Justa” (MFF/FTJ), que aborda as interdependências entre a União Europeia e os países em desenvolvimento que exportam frutas tropicais. A campanha tem como principal objetivo que, até 2018, sejam sensibilizados 23 milhões de cidadãos em, pelo menos, 20 estados-membros, e ter 200 mil pessoas mobilizadas para agir em prol desta causa, exigindo aos decisores políticos e corporativos que assegurem condições de trabalho justas para o setor da fruta tropical.

Um dos temas abordados na formação foram as condições de trabalho na indústria da fruta tropical, que é muito específica, diferenciando-se das restantes. Por exemplo, na América Latina, a precaridade revela-se um problema na vida dos trabalhadores, bem como as questões de saúde e segurança, já que estes não têm equipamentos, nem proteções que os impeçam de estar em contacto com os agroquímicos presentes nas plantações. As condições das mulheres são ainda mais agravadas, pois são consideradas o elo mais fraco da cadeia, estando sujeitas a pressões psicológicas, e até sexuais, para poder manter o seu posto de trabalho. Estas violações dos direitos humanos e laborais assentam na razão de existir do projeto Fruta Tropical Justa, que procura também debater as práticas comerciais injustas neste setor, para o qual a legislação europeia é considerada insuficiente.

Os 2 dias de formação permitiram aos participantes pensar em novos caminhos para a elaboração de histórias inovadoras para abordar esta temática, tendo em conta que, tratando-se de um projeto internacional, os contextos nacionais são muito diferentes e devem ser tratados individualmente. A equipa da Cidadania Global do IMVF considera que esta formação permitiu “o reforço do trabalho de equipa e uma aprendizagem recíproca”, através de “abordagens que são, decerto, inovadoras e que podem ser mais trabalhadas”. Desta forma, “os métodos criativos e inovadores podem, de facto, contribuir para a sensibilização dos cidadãos e ativar novas formas de cidadania”. A equipa acrescenta que esta formação ofereceu “mais conhecimento, mais métodos inovadores, mais metodologias e mais sinergia”.

O projeto Fruta Tropical Justa é implementado por 19 parceiros em 17 países, sendo financiado pela União Europeia. Em Portugal, o projeto é implementado pelo IMVF e tem como principal objetivo contribuir para políticas europeias de Desenvolvimento mais coerentes e sustentáveis, incluindo as políticas dos estados-membros e do setor privado, integrando nas suas práticas os direitos humanos, o trabalho digno e o comércio justo, garantindo, assim, melhores condições de vida e de trabalho para os pequenos agricultores e trabalhadores do setor da fruta tropical.

Saiba mais sobre a campanha e seja um ativista da Fruta Tropical Justa aqui.

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