“Os supermercados providenciarão produtos sustentáveis se os consumidores assim o exigirem” e “creio que os portugueses querem consumir de forma responsável”, assegura Kozel Fraser, ativista da campanha “Fruta Tropical Justa”, de visita a Portugal entre 31 de outubro e 4 de novembro. Neste período, teve a oportunidade de estar à mesa com os grupos Jerónimo Martins e SONAE, dois dos principais retalhistas em Portugal. Estes mostraram-se disponíveis para falar sobre a cadeia de abastecimento das frutas tropicais e ficar a saber mais sobre as especificidades dos produtos do Comércio Justo. Caberá ao consumidor escolher.
São os retalhistas que o dizem: compramos o que os consumidores querem comprar. Para Kozel Fraser, um consumo de produtos que respeita, na sua génese, o ambiente e as condições de vida dos trabalhadores é um consumo saudável e garantia para as próximas gerações. Num momento que ainda é de crise económica, seria importante não fazer pesar sobre os consumidores portugueses os custos mais elevados que este modelo justo de produção comporta. Kozel Fraser acredita que há espaço para os retalhistas reduzirem as suas margens de lucro na venda da banana, um dos alimentos mais procurados pelos portugueses.
Os produtos certificados pelo Comércio Justo Internacional (Fair Trade International), que cumprem tanto critérios ambientais como critérios sociais, são hoje, por um lado, uma alternativa viável para os pequenos produtores das Ilhas Windward (Caribe), que Kozel Fraser representa. Por outro, constituem uma garantia de biodiversidade e qualidade para muitos consumidores que os vêm adquirindo no mercado do Reino Unido.
Para Kozel Fraser, ao mesmo tempo que se deve incentivar o consumo de produtos locais – com um menor impacto na pegada ecológica – é importante pensar também naqueles cuja sobrevivência depende da exportação dos seus produtos, complementares à produção de outras regiões. “Estamos a trabalhar num contexto global para atingir o desenvolvimento sustentável em 2030, onde se devem conciliar interesses ambientais e socioeconómicos”, adverte.
A coordenadora da Associação de Agricultores das Ilhas Windward (WINFA) que trouxe a voz dos produtores e trabalhadores da campanha “Fruta Tropical Justa” a Portugal, participou dia 4 de novembro no Seminário “Autarquias locais rumo a 2030: diálogos para o desenvolvimento”, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Na sua estadia em Portugal, Kozel Fraser visitou os grupos Jerónimo Martins e SONAE e recebeu por parte da DECO/Consumare, da CGTP-IN e da Plataforma Portuguesa das ONGDs demonstrações de solidariedade e de futura sensibilização dos cidadãos para mais iniciativas que contemplem práticas comerciais justas. Práticas que promovem a mitigação das alterações climáticas e protegem os trabalhadores face a explorações e ameaças.
A campanha Fruta Tropical Justa é cofinanciada pela União Europeia e promovida em Portugal pelo IMVF, rumo à adoção na União Europeia de práticas comerciais justas em toda a cadeia de abastecimento das frutas tropicais. O projeto envolve 19 parceiros da União Europeia, Camarões, Colômbia, Equador e Ilhas Windward.
Saiba mais sobre este projeto aqui.