Muitas vezes, ter um contributo positivo para o desenvolvimento internacional pode parecer difícil e fora do alcance. Mas um projeto financiado no âmbito do “Development Education Awareness Raising Programme” permite que os consumidores europeus façam algumas escolhas simples e informadas que melhoraram a vida de inúmeras pessoas no mundo em desenvolvimento.

“A campanha Fruta Tropical Justa foi importante na Costa Rica e gerou mudanças positivas”, disse Eva Carazo, da Universidade da Costa Rica. “[A campanha] ajudou-nos a consciencializar para as condições de trabalho e os aspetos ambientais. É muito importante para nós sabermos que temos aliados na Europa”.

A campanha advoga por cadeias de fornecimento globais mais justas e sustentáveis de frutas tropicais, especialmente bananas e ananases. Com financiamento do programa DEAR da Comissão Europeia, a campanha Fruta Tropical Justa envolveu, nos últimos 30 meses, dezenas de milhares de consumidores europeus na procura de mudanças.

A campanha Fruta Tropical Justa conseguiu obter resultados de duas formas. Em primeiro lugar, informando os consumidores na Europa sobre o custo humano e ambiental das frutas tropicais baratas e incentivando-os a mudar os seus hábitos de compra. Ao selecionar bananas orgânicas de comércio justo em detrimento das variedades não certificadas mais baratas, os consumidores dizem aos produtores que vale a pena pagar pela saúde do trabalhador da plantação de banana e pelos direitos laborais e ambientais.

Um segundo caminho é através da segmentação de poderosos supermercados – lançando o alerta sobre como os supermercados abusam do seu poder de mercado para forçar os preços pagos aos produtores, na medida em que os trabalhadores das plantações levam para casa menos do que um salário digno.

“Os supermercados são o nosso principal alvo”, disse Mirjam Hägele, da Oxfam Alemanha, e coordenadora internacional do projeto Fruta Tropical Justa. “Os retalhistas têm tanto poder que são capazes de ditar preços, padrões e colocar restrições aos fornecedores – mesmo enviando bananas de volta às custas do fornecedor – se as bananas não puderem ser usadas”.

A combinação da ação do consumidor na União Europeia e as ações de trabalhadores e outros atores na Costa Rica, por exemplo, resultaram em melhores e mais permanentes condições de trabalho nas plantações-alvo da campanha Fruta Tropical Justa. Pesquisas revelam que o uso de trabalhadores subcontratados caiu de 75% para cerca de 25% da força de trabalho. Isso é importante, pois os trabalhadores subcontratados estão sujeitos a uma menor regulamentação do que os empregados que trabalham diretamente para proprietário da plantação e, portanto, estão mais vulneráveis e sujeitos a abusos.

Da mesma forma, a pulverização aérea de pesticidas tóxicos costumava ocorrer nas plantações de banana no Equador, enquanto os trabalhadores mal remunerados ainda estavam nos campos, derramando sobre eles produtos químicos. Mas com a intervenção do projeto Fruta Tropical Justa, essa prática foi repensada sendo que em algumas plantações esta prática foi abandonada e noutras os trabalhadores usam agora roupas protetoras.

A campanha Fruta Tropical Justa está a ser bem-sucedida na relação com seu público-alvo, estimulando mais de 172 mil cidadãos europeus a tomar algum tipo de ação de alto nível, por exemplo através da assinatura de uma petição. Os coordenadores do projeto estão confiantes de que, no final do mesmo, em 2018, cerca de 2 milhões de europeus terão sido abrangidas por esta campanha.

Alasdhair Collins consultor da DP Evaluation e avaliador externo da campanha Fruta Tropical Justa diz que o sucesso do projeto é notável.

“É muito incomum falar sobre o impacto nesta fase do projeto”, disse Collins. “Podermos ver as mudanças efetivas depois de 18 meses do lançamento do projeto é absolutamente surpreendente”.

Lições aprendidas 
Os avaliadores atribuem sucesso a:

– Uma mensagem clara dirigida aos consumidores com imagens claras e branding;
– Conselhos concisos para melhorar a situação: comprar produtos de comércio justo e orgânicos que protejam o ambiente, os trabalhadores das plantações e as condições em que trabalham;
– Pesquisa de qualidade sobre os hábitos de compra e comercialização de supermercados, inclusive através do crowdsourcing para identificar as plantações que fornecem supermercados particulares na Europa;
– Pesquisa inicial sobre o pagamento, condições e saúde do trabalhador;
– Um alvo definido, começando com um supermercado e visando mudar as suas condições de compra, tornando-se um modelo para outros supermercados;
– Uma campanha bem gerida e altamente organizada com um amplo alcance, envolvendo europeus de toda a UE.

Interviews with Mirjam Hägele, International Coordinator for Make Fruit Fair!. Also, Alasdhair Collins from DP Evaluation, the project’s external evaluator, and Konrad Rehling from partner organisation Suedwind

Tradução: IMVF

Este artigo foi escrito pela equipa de apoio do DEAR disponibilizando informações sobre um projeto que recebe financiamento da Comissão Europeia através do programa DEAR. O artigo não deve ser interpretado como a visão oficial da Comissão Europeia ou de qualquer outra organização.

Fonte: DEAR: Development Education and Awareness Raising Programme

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