Inaugurado na manhã do dia 7 de dezembro de 2019, o Centro de Interpretação das Salinas do Porto Inglês foi construído no âmbito do Projeto de Dinamização e Requalificação Turística na Ilha do Maio, financiado pela União Europeia e pelo Camões, I.P. e implementado pelo IMVF em parceria com a Câmara Municipal do Maio e a Câmara Municipal de Loures, e tendo como entidade associada a Sociedade de Desenvolvimento Turístico das Ilhas da Boa Vista e Maio.

Na cerimónia estiveram presentes a Embaixadora a União Europeia em Cabo Verde, Sofia Moreira de Sousa, a Embaixadora de Portugal em Cabo Verde, Helena Paiva, o Presidente da Câmara Municipal do Maio, Miguel Rosa, a Administradora Executiva do IMVF, Carolina Quina e a coordenadora do projeto Hermínia Ribeiro, bem como do Gestor do Ministério do Turismo e Transportes, Manuel Ribeiro, da Delegada do Ministério do Ambiente e da Agricultura, Teresa Tavares, da Delegada do Ministério da Educação, Maria José Ribeiro e do Representante da Sociedade de Desenvolvimento Turístico das Ilhas da Boa Vista e Maio.

No evento, no qual estiveram mais de 50 pessoas, foram apresentados os resultados do projeto pelas coordenadoras Hermínia Ribeiro e Julieta Dono, bem como o conceito por detrás da criação do Centro Interpretativo, pela consultora Luísa Janeirinho. No final houve um momento cultural com um grupo de batucadeiras da cidade.

Foram também inaugurados o Posto de Observação de Aves e os Trilhos para passeios nesta área protegida, com o objetivo de promover o turismo de natureza na ilha, valorizando as características paisagísticas e a fauna das salinas.

O Centro de Interpretação das Salinas do Porto Inglês, que contou com o apoio do Fundo do Turismo de Cabo Verde e da Fundação Maio Biodiversidade, tem como objetivo a preservação e a apresentação do património local, assim como a interpretação e a promoção da cultura presente na Ilha do Maio, que se expressa nos elementos significativos e simbólicos da sua identidade. Pretende, assim, ser um espaço de dinamização cultural da ilha, no âmbito do qual será divulgada e partilhada a história e cultura da ilha, com especial destaque para o papel das salinas e do comércio do sal.

Hermínia Ribeiro, coordenadora do projeto afirma que este Centro tem como intuito garantir que “haja uma melhoria da qualidade de vida dos habitantes da ilha do Maio, mas também permitir-lhes oferecer um produto de qualidade a quem vem de fora.” E acrescenta. “O projeto teve várias áreas de intervenção: a parte de requalificação da salina e do armazém onde as senhoras trabalham o sal, sendo que a construção do Centro Interpretativo das Salinas do Porto Inglês é o culminar de um trabalho de 3 anos e meio”.

As salinas do Maio tiveram uma importância crucial para a história de Cabo Verde e o sal desta constituiu um importante meio de sobrevivência para a sua população. Atualmente é a “Cooperativa do Sal” que trabalha na recolha do sal e na sua comercialização, sendo este trabalho realizado predominantemente por mulheres. O valor do sal foi equivalente ao valor do ouro – razão pela qual na Ilha do Maio é conhecido como “ouro branco”.

O sal é um recurso natural da ilha do Maio cujo valor marcou todo o percurso histórico e identitário da comunidade. O saber fazer tradicional, na forma de extração do sal, as técnicas e os seus rituais, está ancorado numa tradição ancestral, cujo registo se encontra impresso e dá valor à memória coletiva. Essa expressão eco cosmológica da utilização dos recursos endógenos, de valorização dos recursos naturais, de recuperação de matérias primas favorecendo tecnologias limpas, numa relação equilibrada com o ambiente, expressa um modo de estar na vida e uma identidade cultural própria.

O Centro de Interpretação convida à saída do seu espaço físico através da apresentação de rotas expositivas no território num reforço e promoção de um sector chave do desenvolvimento do local, quando aliado a um fluxo de turismo cultural e de qualidade.

 

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