A 36.ª Missão de Otorrinolaringologia, no âmbito do projeto Saúde para Todos – Consolidação do Sistema Nacional de Saúde de São Tomé e Príncipe, chefiada pela Prof.ª Dra. Cristina Caroça, médica otorrinolaringologista da CUF Tejo, decorreu no Hospital Dr. Ayres de Menezes (HAM), em São Tomé, e contou com uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde portugueses: a Dra. Helena Santos (CUF Cascais), Dr. Filipe Correia (CUF Tejo/ Hospital de Egas Moniz), Dr. José Pais (CUF Tejo), Enf. Nanci Ouro (CUF Tejo), Enf. Catarina Gonçalves (CUF Cascais), Audiologista Mariana Tomás (CUF Tejo), Audiologista Adriana Vasco (Minison |Amplifon, CUF Tejo) e da terapeuta da fala Patricia Santos (CUF Tejo), em estreita articulação com a médica são-tomense, Dr. Isaulina Barreto, atualmente em formação para a especialidade.

“Temos um saldo muito positivo, porque todos os doentes que têm sido operados têm sido reavaliados semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, de acordo com as necessidades dos doentes pós-operatório, sobretudo da cirurgia do ouvido”, afirma a Dra. Cristina Caroça. E acrescenta. “Temos verificado que havia muita dificuldade em ter um sucesso cirúrgico, mas neste momento, graças à existência de um elemento clínico com dedicação à atividade de otorrino e que tem estado em formação, a Dra. Isaulina Barreto, tem permitido que estes pós-operatórios tenham sucesso”.

UMA EQUIPA MULTIDISCIPINAR DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Ao longo de uma semana, a equipa de profissionais de saúde realizou 40 consultas de Otorrino, 61 consultas de Audiologia, 57 consultas de Terapia da Fala e 44 Consultas de Reabilitação Auditiva/ Próteses, das quais 5 adaptações de próteses pela primeira vez. Assim, realizaram-se, no total, 202 consultas. Foram submetidos a intervenção cirúrgica 13 doentes, dos quais 7 foram submetidos a cirurgias otológicas, permitindo restabelecer a infeção crónica e a audição.

“A missão habitualmente não conta só com consultas de otorrino, é uma equipa multidisciplinar, com elementos que vão mais dedicados para o bloco, para a atividade cirúrgica de manhã e de tarde, e orientada também para a atividade de otorrino geral, para consultas de audiologia, devido ao problema que temos verificado ao longo destes anos sobre a perda de audição e também consultas de terapia da fala e próteses auditivas.”, afirma a Dra. Cristina Caroça. E acrescenta. “A necessidade de abranger uma equipa multidisciplinar deveu-se ao facto de termos encontrado muitas crianças com problemas de surdez. Temos verificado também muitas crianças com problemas na fala, muitas crianças que deveriam já falar e que não falam.” E conclui. “O primeiro passo é sempre avaliar a audição para tentar perceber se o problema passa pelo défice de audição e que leva à ausência de fala, e aquilo que temos verificado é que temos muitas crianças com audição, mas que não falam.”

A TELEORL COMO FERRAMENTA DE SEGUIMENTO DE CASOS CLÍNICOS À DISTÂNCIA

Desde 2016, que o Serviço de Otorrinolaringologia da CUF Infante Santo/ Tejo realiza semanalmente consultas de Telemedicina com São Tomé e Príncipe no âmbito do projeto Saúde para Todos.

“Já não há a transição de vir numa missão e ter uma avalanche de doentes, porque regularmente, todas as semanas, fazemos consultas via Telemedicina, que é um modo de proximidade dos doentes de São Tomé para Portugal e um modo de diagnóstico precoce e orientação mais eficaz.”, afirma a Dra. Cristina Caroça. E acrescenta: “Por outro lado, a Telemedicina tem contribuído também para o encaixe de novos doentes e a chegada de novos doentes a esta missão.”

INVESTIGAÇÃO E ENSINO

Em 2017, a Dra. Cristina Caroça defendeu a sua tese de doutoramento sobre os fatores epidemiológicos associados à surdez neuro sensorial na população são-tomense.

Sobre os casos clínicos que tem vindo a encontrar no âmbito das missões de especialidade, afirma. “O que se passa aqui [em São Tomé e Príncipe], muitas vezes nem é o quadro de otites, otites médias agudas, otites médias crónicas, ou seja, processos infeciosos crónicos desses ouvidos, existem cá e era aquilo que eu esperava encontrar.” E acrescenta. “Aquilo que encontrámos e que não estávamos a contar encontrar aqui, daí que tenhamos desenvolvido uma equipa multidisciplinar, é que temos surdez que é irreversível, ou seja, não há um medicamento, não há uma cirurgia que nos consiga reverter essa situação, ou seja, não é um problema mecânico, é um problema elétrico do sistema nervoso.”

O projeto Saúde para Todos tem também sido utilizado como exemplo e ferramenta na formação pré-graduada dos alunos de Otorrinolaringologia da NOVA Medical School – Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa que frequentam o 4.º ano na unidade curricular de Otorrinolaringologia no Hospital CUF Tejo.

A Missão em Números:

  • 1 semana de missão
  • 10 profissionais de saúde especializados
  • 40 Consultas de Otorrinolaringologia
  • 61 Consultas de Audiologia
  • 57 Consultas de Terapia da Fala
  • 44 Consultas de Reabilitação Auditiva/ Próteses
  • 13 doentes submetidos a Intervenções Cirúrgicas
  • Formação em serviço / on the job dos profissionais de saúde do HAM

O projeto Saúde para Todos – Consolidação do Sistema Nacional de Saúde de São Tomé e Príncipe é implementado pela AMVF – Associação Marquês de Valle Flôr, pelo IMVF em estreita parceria com o Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe e financiado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e pela Direção-Geral da Saúde de Portugal.

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