A equipa da Missão de Gastroenterologia realizou, em 2024, duas deslocações a São Tomé e Príncipe no quadro do Projeto Saúde para Todos – Consolidação do Sistema Nacional de Saúde de São Tomé e Príncipe.

Nos meses de abril (de 20 a 27) e setembro (de 14 a 21), durante uma semana, as equipas de profissionais de saúde, com a coordenação da Dra. Sara Campos (Fundação Champalimaud) e do Dr. Victor Fernandes (Clínica de Gastrenterologia de Almada), exerceram atividade clínica e formativa no Hospital Dr. Ayres de Menezes (HAM), em São Tomé.

No decorrer das missões foram realizados exames endoscópicos, procedimentos proctológicos, consultas da especialidade, apoio à urgência e formação de profissionais locais.

Na missão de abril, foram realizadas 22 consultas de especialidade, com os principais diagnósticos de quistos hepáticos, obstipação, pólipos da via biliar, shistosoma, cirrose por hepatite B e C, acalásia e colestase. No âmbito das consultas foram discutidos vários casos de difícil resolução de doentes de ambulatório e hospitalizados, sendo que alguns dos diagnósticos justificaram a referenciação para Portugal para orientação complementar diagnóstica e/ou terapêutica.

Ao nível das intervenções endoscópicas, foram realizados um total de 298 exames, entre os quais 118 endoscopias altas, 45 colonoscopias, 5 fibrosigmoidoscopia e 130 proctologias.

Foram realizados 86 exames terapêuticos, entre laqueações elásticas efetuadas em doentes com varizes esofágicas grandes, polipectomias de pólipos do cólon e estômago (em idade adulta e pediátrica), escleroses de hemorroidas com polidocanol espumoso, terapêuticas cirúrgicas em contexto de fístulas anais, fissuras anais e fibromas, entre outros.  

No que diz respeito à atividade formativa, como habitualmente, ao longo das semanas de missão, foi realizada formação contínua on the job junto dos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem) ligados à unidade de gastroenterologia do HAM, formação teórica dirigida à equipa de gastroenterologia sobre “Noções de eletrocirurgia”, reuniões clínicas sobre “Oclusão intestinal baixa” e “Doença hepática alcoólica” e sessões formativas dirigidas à equipa de enfermagem de endoscopia digestiva sobre “PEG – cuidados de enfermagem” e “Compressão abdominal na colonoscopia – o papel do enfermeiro”.

“De referir a capacidade de articulação, dinâmica e já visível maturidade de trabalho da equipa no seu todo (STP e PT) durante as missões, como resultado de todo o investimento na formação, da possibilidade de manter uma equipa estável e da deteção precoce de problemas/dificuldades com o respetivo plano corretivo das situações.”, afirmou o Dr. Victor Fernandes. Salientado também outro aspeto: “A mais-valia do trabalho realizado com a formação intensiva e dirigida aos auxiliares de enfermagem, responsáveis pelo processamento dos aparelhos endoscópicos. O trabalho realizado com estes profissionais veio no seguimento das avarias constantes e consequentes gastos financeiros com os aparelhos endoscópicos, as quais associamos ao incorreto reprocessamento/manipulação dos mesmos. Desde janeiro de 2022 que não existem intercorrências registadas, o que com o uso diário dos aparelhos é sem dúvida um indicador muito significativo das corretas medidas implementadas.”

A Dra. Sara Campos referiu: “Esta missão [de setembro] foi realizada em paralelo com a missão de Cirurgia Geral, o que se revelou bastante útil para complementar a abordagem ao doente com patologia digestiva (por exemplo, diagnóstico de cancro do cólon por parte da Gastrenterologia, e tratamento pela Cirurgia Geral). Tentar-se-á no futuro, manter este tipo de colaboração, por forma a otimizar os cuidados prestados aos doentes.” Concluindo que “as missões cumpriram os objetivos definidos, contando para tal com uma equipa de profissionais motivados e empenhados, esperando, com missões futuras, continuar a contribuir para melhorar as condições de saúde de São Tomé e Príncipe.”

O Projeto Saúde para Todos – Consolidação do Sistema Nacional de Saúde de São Tomé e Príncipe é implementado pela AMVF – Associação Marquês de Valle Flôr, com o apoio do IMVF em estreita parceria com o Ministério da Saúde e dos Direitos da Mulher de São Tomé e Príncipe e financiado pelo Camões, I.P. e pela Secretaria-Geral do Ministério da Saúde de Portugal.

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