Porque acreditamos que é necessário assegurar uma transição energética em que as dimensões social e ambiental estejam alinhadas, o Jovens 2030 participou na consulta pública sobre o projeto para a instalação da Central Solar Fotovoltaica de Sophia, que reuniu mais de 10 000 participações, e prevê uma área de cerca de 3.500 hectares nos municípios do Fundão, Penamacor e Idanha-a-Nova.

Esta infraestrutura, cuja dimensão corresponde a mais de 4.900 campos de futebol, integra o movimento mais amplo de transição das energias fósseis para energias renováveis, sendo este um passo essencial para a mitigação das alterações climáticas e para o cumprimento das metas globais de sustentabilidade.

Contudo, é importante recordar que esta transição deve ser realizada com planeamento rigoroso e respeito pelos valores ambientais, territoriais e sociais. A adoção de energias limpas não deve comprometer a integridade dos solos, a biodiversidade ou o bem-estar das comunidades locais, que são pilares fundamentais de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

A área prevista para o projeto abrange solos agrícolas, florestais e agroflorestais, cuja ocupação intensiva com painéis solares pode alterar processos naturais, como a infiltração e retenção de água, e afetar a fertilidade do solo a longo prazo.

O projeto prevê igualmente o abate de mais de 1.500 sobreiros e azinheiras, espécies protegidas e de elevado valor ecológico. A remoção destas árvores poderá contribuir para a fragmentação de habitats e perturbar corredores ecológicos relevantes para espécies classificadas com elevado estatuto de conservação, como a Cegonha-preta, o Abutre-preto ou a Águia-imperial. Também a flora rara poderá ser afetada.

A instalação de grandes extensões de painéis solares pode ainda originar alterações microclimáticas locais, como sombreamento persistente, variações de humidade do solo e modificações nas comunidades microbianas, que poderão influenciar a dinâmica ecológica do território.

A participação das Comunidades

Assim sendo, a vida útil de uma central fotovoltaica varia entre 25 e 40 anos, sendo expectável que o seu desmantelamento gere resíduos que exigem gestão cuidadosa. Por isso, a avaliação dos impactos ambientais e a definição de medidas compensatórias devem ser abrangentes, técnicas e devidamente fundamentadas.

Nestas consultas, a participação das comunidades é essencial para assegurar que qualquer decisão pública reflete as necessidades e expectativas dos cidadãos. O processo de consulta pública deve garantir o acesso a informação clara, compreensível e organizada, condição fundamental para uma cidadania ativa e informada.

Cidadania Global Começa no Solo

Cuidar dos solos, preservar habitats e promover a resiliência climática são componentes indissociáveis de uma transição energética justa. Solos saudáveis asseguram a produção alimentar, mantêm a biodiversidade e desempenham um papel crucial na captura de carbono.

As novas gerações, em Portugal e no mundo, demonstram crescente mobilização por um futuro sustentável e por territórios vivos. É, por isso, responsabilidade coletiva assegurar que as soluções energéticas do presente não comprometem os recursos e oportunidades do futuro.

Os jovens, aqui e em todo o mundo, exigem um futuro digno e um território vivo. É nosso dever defender cada hectare de terra fértil — porque é nele que nasce o alimento, a biodiversidade e a esperança de gerações futuras. Energia renovável sim, mas proporcionando sempre melhores condições para as pessoas e para a vida no território.

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