27 jovens de 5 países da União Europeia estiveram reunidos durante 9 dias em Maribor, na Eslovénia, a criar a “City of Youthopia”.
Uma cidade utópica, sustentável, em que se vive em harmonia com a natureza e onde os direitos humanos são respeitados; onde a arte e a cultura criam sinergias com as instituições ambientais; onde os pais têm tempo para os filhos e onde o sistema de educação estimula a criatividade.
O projeto City of Youthopia foi criado por jovens a pensar nos jovens, tendo como propósito juntar jovens de diferentes países e, através de atividades de educação não-formal, dar-lhes espaço para encontrar soluções rumo a práticas sustentáveis, tanto a nível individual, como ao nível das organizações.
O intercâmbio esteve organizado de forma a que os participantes compreendessem desde o início o que é a sustentabilidade e qual a situação atual do planeta. Posteriormente, os jovens tiveram a oportunidade de pensar criticamente sobre o tema e de formular as ideias para a criação de uma cidade utópica. Assim, ao longo dos primeiros dias de atividades, os participantes partilharam práticas sustentáveis dos seus países de origem e conheceram as dos outros; cada um calculou a sua pegada ecológica de forma a perceber qual o impacto que o seu próprio estilo de vida tem para o planeta.
No sentido de compreender o conceito de sustentabilidade e de conhecer boas práticas, os participantes tiveram a oportunidade de fazer uma tour sustentável por Maribor. Foi assim que conheceram a realidade sustentável da cidade: lojas que vendem apenas produtos locais, assentes nos princípios do comércio justo, cooperativas que vendem produtos biológicos sazonais, um antigo casino convertido em bar, a Old Vine House, adega de vinhos com a vinha mais antiga do mundo, que ainda dá fruto. A tour contou ainda com uma ida à Universidade de Maribor para assistir a uma palestra sobre Design Ético e Sustentável, onde vários docentes falaram sobre o impacto da indústria da moda no ambiente, a consciencialização dos alunos para pensarem o design de forma sustentável e ainda a importância de escolher qualidade em vez de quantidade.
O hostel onde os jovens ficaram hospedados e onde decorreu a maioria das atividades é também um excelente exemplo no que toca às boas práticas sustentáveis, onde se pratica a reciclagem e o se aproveitam materiais para a decoração do espaço. O contacto com os exemplos de estabelecimentos com práticas sustentáveis e a consciencialização de cada um em relação à necessidade de mudar o estilo de vida da sociedade em benefício do planeta, motivou os jovens para o debate e para a partilha de ideias sobre o tema.
Entre os participantes, o consenso era total: o custo do estilo de vida que o ser humano leva é demasiado caro para que o podemos pagar ao planeta. É necessário mudarmos rapidamente o nosso estilo de vida no sentido de reduzir o impacto ambiental que criamos. Foi perante as suas próprias conclusões que os jovens perceberam a importância de criar a Cidade da Utopia e começaram a pensar nas medidas necessárias para a sua construção, quais as principais necessidades do mundo, os problemas e as soluções adequadas. Para que o debate tivesse um resultado mais frutífero, foram constituídos 4 grupos, que se mantiveram ao longo da semana, cada um dedicado a uma área temática:
Educação: pensar num sistema educativo que estimulasse a curiosidade, o pensamento crítico, a curiosidade e o empreendedorismo.
Poder Político: pensar em medidas e leis que incentivem a participação ativa de todos os cidadãos na vida política e a criação de espaços para diálogo em conjunto com diversos stakeholders (entidades públicas e privadas) e agentes locais.
Produção e Consumo: pensar num sistema de produção e consumo sustentável, assente nas noções de economia circular, desperdício zero, energias renováveis, redução da produção e consumo de plástico e de carne, consumidores conscientes, produção e consumo de produtos locais e sazonais, redução do uso de compostos químicos.
Arte e cultura: pensar num modelo sustentável para as artes e o património cultural e explorar as oportunidades no domínio artístico de forma a sensibilizar o pensamento crítico individual e a motivar coletivamente para um mundo mais sustentável.
Após as ideias que surgiram em cada grupo serem apresentadas e discutidas por todos os participantes, todos estavam preparados para partilharem a Cidade da Utopia com o mundo. Foi neste sentido que no último dia de intercâmbio foi organizada uma conferência de imprensa onde estiveram presentes os dirigentes das ONG locais e os meios de comunicação social, onde os jovens apresentaram o projeto da City of Youthopia com as várias propostas de boas práticas sustentáveis.
O termo “utopia” foi criado por Thomas More no século XVI, no contexto do humanismo, com o objetivo de precipitar à transformação social. Nos dias de hoje, o termo está associado à quimera e à impossibilidade. Imaginar a utopia. Foi este o objetivo do intercâmbio. O resultado, contudo, foi a descoberta de que uma cidade utopicamente sustentável não é sinónimo de algo impossível. A motivação dos participantes para mudarem os seus próprios estilos de vida e para tentarem propagar as ideias da sustentabilidade aos outros, prova precisamente que imaginar a utopia é bastante pertinente.
Com o intercâmbio, os jovens descobriram que, mais do que nunca, é importante sonhar. No fim do intercâmbio a união substituiu as lágrimas e a emoção da despedida, o mesmo desejo fervilhava na mente dos participantes: “Vamos criar a cidade da Utopia”.
Saiba mais sobre o projeto City of Youthopia no Instagram www.instagram.com/cityofyouthopia/
Este artigo foi escrito pelos participantes portugueses: Diana Alves, Miguel Oliveira, Carolina Pires, Leonardo Nascimento e Rui Landim.