Destinada aos agricultores de La Montañita, El Paujil e Doncello, municípios de intervenção do projeto Territórios Sustentáveis para a Paz em Caquetá, a Escola de Campo em Sistemas Agrosilvopastoris, decorreu entre 21 e 23 de fevereiro de 2019, e teve como objetivo sensibilizar e capacitar os produtores para a importância de integrar práticas agroflorestais sustentáveis nos sistemas agropastoris tradicionais.
Os sistemas agrosilvopastoris caraterizam-se pela adoção de técnicas que combinam, na mesma parcela produtiva, componentes florestais, agrícolas e pastoris, num modelo de gestão sustentável do ecossistema agrícola e florestal. Entre o tipo de interações favoráveis geradas por este tipo de sistemas destaca-se o papel das árvores, ao proporcionarem sombra e uma diminuição da temperatura benéficas para os animais. A matéria orgânica produzida pela floresta (folhas, flores, frutos, ramos e raízes mortas) é outro fator de extrema importância, ao contribuir para a fertilidade dos solos, criando condições favoráveis à produção de pastos e outras culturas agrícolas, reduzindo a necessidade de utilização de fertilizantes químicos.
Importa destacar a importância deste tipo de sistemas no território em que se localiza o projeto, onde a floresta amazónica tem vindo a ser alvo de desflorestação para a plantação de pastos destinados à produção de gado. A capacitação dos produtores locais para a utilização de técnicas agrosilvopastoris, permitirá promover uma interação sustentável entre a produção animal, crucial para a segurança alimentar e desenvolvimento socioeconómico da região, e a conservação ambiental. O nome escolhido para esta Escola de Campo – “Produção de queijo e leite sob a sombra de um bosque de alimentos” – deixa transparecer esta visão de uma interação socialmente e ambientalmente harmoniosa entre produção animal e vegetal. Este bosque de alimentos, que, mantendo as caraterísticas de um bosque, garante a preservação do ecossistema florestal, permite ainda a obtenção de alimentos e rendimentos através da criação de gado.
Para além da participação dos produtores beneficiários do projeto, esta iniciativa contou com a presença de organizações locais e nacionais, profissionais e técnicos da área da agroecologia. Foi assim criado um espaço de partilha e aprendizagem inclusivo e diversificado no qual se aplicou a metodologia de aprendizagem teórico-prática promovida pelas Escolas de Campo do projeto – “aprender fazendo”.