Terminou no dia 16 de agosto de 2019 a formação em Recuperação Patrimonial com recurso à utilização de cal, no âmbito do Projeto de Dinamização e Requalificação Turística da Ilha do Maio, em Cabo Verde. Esta formação teórico-prática decorreu ao longo de 10 dias e teve como palco central o Forte de São José, na cidade de Porto Inglês.

A ação formativa foi ministrada por Ana Veloso, da Universidade de Aveiro, especialista em recuperação do património, e por Gabriel Andrade, da Direção Regional de Cultura do Norte, especialista em reabilitação de património e utilização de cal, tendo contado com a participação de 10 formandos. Esta ação procurou formar os trabalhadores locais e os técnicos da Câmara Municipal do Maio para a utilização deste material tradicional na recuperação e renovação de edifícios patrimoniais. A formação incluiu uma componente teórica, em que foram partilhados os conteúdos do manual “Cal em Cabo Verde – Produção e Utilização”, desenvolvido pelos formadores no contexto do projeto, e uma componente prática, em que as técnicas de utilização de cal foram aplicadas no Forte de São José, edifício emblemático da Ilha do Maio.

No quadro deste projeto, tinha decorrido em novembro de 2017, na localidade de Morrinho e na cidade do Porto Inglês, uma formação em técnicas de produção e aplicação artesanal de cal, na vertente da requalificação urbana e valorização do material local. A promoção da produção e utilização deste material faz parte de uma lógica de preservação do património cultural e edificado na ilha.

Até à década de 80 do século passado, a ilha do Maio era produtora e exportadora deste material, feito em fornos artesanais a partir de pedra calcária, abundante na ilha. Esta atividade representava na época um meio de sustento para várias famílias, particularmente na zona norte da ilha. Assim, o património edificado da ilha do Maio, do qual fazem parte várias igrejas e capelas, o Forte de São José e ainda as muitas casas caraterísticas da construção tradicional cabo-verdiana, foi construído ao longo dos séculos com a aplicação de argamassas de cal. Nas últimas décadas, com a facilidade de acesso ao cimento convencional, perdeu-se o saber-fazer na produção e aplicação deste material, colocando assim em risco este património.

As ações de formação promovidas pelo projeto nesta área procuraram, por um lado, recuperar o saber-fazer da produção artesanal de cal, atualmente apenas detido por alguns anciãos da ilha, explorando possibilidades de recuperação desta produção, e, por outro, assegurar a recuperação do património da ilha com a utilização de técnicas apropriadas. Procurou-se ainda sensibilizar os vários atores locais e a população em geral para as caraterísticas deste material tradicional e a importância da sua utilização nos dias de hoje.

O projeto de Dinamização e Requalificação Turística na Ilha do Maio é cofinanciado pela União Europeia, pelo Camões, I.P. e pela Sociedade de Desenvolvimento Turístico das Ilhas de Boavista e Maio e implementado pelo IMVF, pela Câmara Municipal do Maio e pela Câmara Municipal de Loures.

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