Foram 9 os produtores beneficiários do projeto Territórios Sustentáveis para a Paz em Caquetá, na Colômbia que, no passado mês de agosto, visitaram o Departamento de Arauca, onde existe uma tradição do cultivo de cacau com mais de 400 anos.
Realizaram visitas a vários locais chave da produção e transformação de cacau no município de Arauquita, procurando recolher exemplos de sucesso e boas práticas a reproduzir e adaptar na região de Caquetá, onde a produção de cacau tem vindo a assumir um papel cada vez mais relevante. Este intercâmbio faz parte de um modelo de aprendizagem participativa promovido pelo projeto, no contexto do qual são valorizadas iniciativas e espaços de diálogo e partilha de conhecimentos técnicos, de difusão de boas práticas, inovação e modernização de técnicas produtivas.
A visita a uma finca experimental, propriedade da Federación Nacional de Cacaoteros da Colômbia (FEDECACAO), onde se explora a adaptabilidade dos tipos genéticos de cacau mais importantes da região, selecionados em jardins clonais, permitiu aos produtores compreender a importância da seleção e reprodução de genótipos não apenas na qualidade do cacau, mas também na resistência a pragas e doenças. Foram também demonstradas práticas de cultivo e controlo fitossanitário adequadas ao cultivo de um cacau de reconhecida qualidade internacional.
Na produção de cacau de qualidade, o processo pós colheita assume um papel crucial, influenciando enormemente a qualidade do produto. Assim, a visita a um centro de pós colheita de cacau, onde é realizada esta fase da produção, foi extremamente importante para os produtores de Caquetá. Nesta visita puderam verificar as condições em que se realiza o processo pós colheita de um centro que recolhe cacau de muitos produtores da região, aprendizagem essencial para a implementação de centros deste tipo nos municípios da região de Caquetá. Visitaram ainda uma cooperativa local, na qual puderam aprender sobre o trabalho associativo do setor cacaueiro e o seu papel na produção e comercialização de cacau.
Na finca Villa Gabi, estes 9 produtores estiveram em contacto com um exemplo daquilo que é, nas palavras de um deles, “o fascinante mundo da árvore à barra [de chocolate]”. Esta quinta, com cerca de 25 hectares de produção de cacau, investe na diferenciação genética, nomeadamente na seleção e separação das várias variedades produtivas no processo pós colheita, onde cada uma exige tempos e processos de fermentação específicos. Este excelente exemplo da gestão da diversidade genética do cacau e do seu aproveitamento para a obtenção de um produto final de qualidade superior foi particularmente importante para os produtores, no contexto da cultura de produção de cacau que se procura promover em Caquetá.
Por fim, no terceiro e último dia, realizou-se uma visita à fábrica de transformação de cacau e loja de chocolate “Aroma e Cacao” associadas à finca Villa Gaby. Nesta fábrica, gerida por 3 mulheres pioneiras, são transformados diariamente cerca de 50kg de cacau para a produção de chocolate fino, de alta qualidade, e chocolate de mesa. Os produtores puderam assim constatar que uma fábrica deste tipo não exige maquinaria muito complexa, mas, sobretudo, um local com condições apropriadas, um domínio e conhecimento aprofundado do processo de transformação de cacau e o acesso a uma matéria prima de alta qualidade.
Ao longo desta visita de 3 dias, os produtores ficaram conscientes das diversas implicações e exigências dos processos de produção e transformação necessários à obtenção de um produto final de grande qualidade, e das possibilidades de reprodução destes processos nos seus próprios municípios. Estas aprendizagens revelam-se particularmente importantes tendo em conta que os 9 produtores que participaram neste intercâmbio irão assumir funções nos centros de pós colheita e transformação criados pelo projeto Territórios Sustentáveis para a Paz em Caquetá.
Este projeto é implementado pelo IMVF e pela Red Adelco e financiado pelo Fundo Fiduciário da União Europeia para a Paz na Colômbia, cofinanciado pelo Camões, I.P., e conta com contribuições da governação local do Departamento de Caquetá e dos municípios de La Montañita e El Paujil, bem como de empresas privadas portuguesas presentes na Colômbia.