Com um trabalho contínuo em Cabo Verde desde 2001 e uma sólida parceria de vários anos com as câmaras municipais do Maio e de Loures, o IMVF tem mantido um olhar atento sobre a evolução e desenvolvimento do arquipélago – concretamente da ilha do Maio – e respetivos constrangimentos e potencialidades.
O projeto de Dinamização e Requalificação Turística na Ilha do Maio teve início em março de 2016 e aposta no empreendedorismo local (como meio) para a afirmação da Ilha do Maio como destino turístico sustentável e solidário (como fim). O projeto Turismo Solidário e Comunitário na ilha do Maio teve início em dezembro de 2017 e assenta no reforço de iniciativas económicas sustentáveis de apoio ao sector do Turismo de base local. Com o desenvolvimento de um produto turístico solidário e sustentável, implementado e gerido localmente, pretende-se dinamizar a economia local e valorizar os traços culturais tradicionais e ambientais.
Dani Martins (Dani), participante na Formação de Empreendedorismo
“Participei numa formação na área do empreendedorismo, na qual fomos capacitados para criar o nosso próprio negócio ou para quem já o possui, com o intuito de adquirir mais ferramentas, em termos de gestão, com maior consistência, possibilitando-nos expandir o negócio. A formação foi muito boa. Fizemo-la em 3 períodos, tendo começado no verão e terminado no mês de dezembro. Adquiri experiência, conheci outros colegas e juntos esclarecemos muitas dúvidas. No meu caso, tenho o meu negócio, mas, às vezes, há aspetos que não consigo dominar, principalmente na área económica e financeira, pelo que aprendi bastante. Espero que surjam mais formações deste tipo para as pessoas que não participaram. Essa formação vai ajudar-me, futuramente, no meu negócio. Somos 20 jovens entre os quais vão ser escolhidos os melhores projetos. Espero que o meu venha a ser selecionado, porque há uma verba que me pode auxiliar financeiramente na remodelação do espaço onde tenho o meu negócio, promovendo uma melhoria, e permitindo-me atender e receber os meus clientes.”
Francisca Gonçalves (Cheila), participante na Formação de Pescado
“Fomos 5 peixeiras da Cidade do Porto Inglês a participar na formação. Aprendemos muito sobre a conserva de peixe, que desconhecíamos. Acabamos por colocar em prática esses conhecimentos, embora haja falta de máquinas para fazer a conserva de peixe, conseguimos vender e deslocar-nos à cidade da Praia, onde fomos convidadas para uma exposição. Finalmente, agradecemos à União Europeia por esta formação e por tudo o que nos tem concedido.”
Jerónimo Ribeiro (Jerone), apoio à produção de grogue
“O apoio foi muito bom, pois nos ajuda na melhoria da produção do grogue [bebida típica cabo-verdiana]. O apoio é importante, porque o grogue deve ter qualidade. Os locais onde se produz grogue devem ter condições e serem asseados, pois ele é produzido para ser consumido por todos, e assim quando beberem um cálice, sentem mais qualidade. E o grogue do Maio é, atualmente, muito conhecido. Este lugar vai ficar mais bem preparado para receber qualquer pessoa que venha aqui beber grogue com tranquilidade.”
Isidora Pina (Nanana), participante na Formação de Artesanato
“Na formação ministrada pela D. Cândida aprendemos coisas boas. Apesar de precisarmos de mais tempo, aprendemos muito, nomeadamente a fazer bolsas para senhoras, chaveiros, jogos de cozinha e algumas peças na área de costura como porta-documentos e guarda-joias. Após a formação, continuamos a fazer o nosso trabalho e estamos a ter diversas encomendas para jogos de cozinha e bolsas para pães, pois tem havido maior procura.”
Julieta Dono, coordenadora local do projeto de Dinamização e Requalificação Turística na Ilha do Maio
“Com o Projeto de Dinamização e Requalificação Turística da Ilha do Maio podemos constatar várias melhorias nas comunidades. Foram reabilitadas zonas, colocadas plantas, pintadas fachadas para embelezar a cidade. Também foram dadas várias formações de capacitação em artesanato, conservação de pescado e, ainda, na parte das salinas, introduzindo-se novos produtos para as senhoras da Cooperativa do Sal. Além disso, foi criado o Centro Interpretativo das Salinas que vai ter continuidade ao longo dos anos. Este Centro fala da história das salinas e da ilha do Maio e possui uma loja para venda dos produtos artesanais da ilha, gerando rendimento para as famílias com quem trabalhamos ao longo do projeto”.
Rosalina Cardoso (Rosalina), participante em diversas formações para a Associação da Queijaria Dom João
“A primeira formação que recebemos foi dos Srs. Jacinto Santos e Floresvindo Barbosa e a partir daí constituímos a Associação com 16 mulheres que passaram a trabalhar na Queijaria Dom João, em finais de 2017, levando o leite para produzir o queijo. A seguir recebemos uma outra formação a cargo da Sra. Góia que nos ensinou a preparar a produção do queijo, em termos de quantidade de leite, sal, coalho, entre outros ingredientes. O excesso de produção levou a que algumas pessoas passassem a produzir queijo em casa, por forma a diminuir a quantidade e a evitar a deterioração do produto, pois o mercado era exíguo. A queijaria é um grande investimento para nós, por ser aqui da zona, perto da casa e onde trazemos o leite e produzimos o queijo. Recebemos também a formação com a Sra. Maria José que nos abordou a questão da higiene e os cuidados a ter na queijaria, já que isso influencia a qualidade do queijo. Finalmente, a formação ministrada pelo Sr. Mário Moniz foi muito boa, pois ensinou-nos a parte da gestão e contabilidade. Em suma, todas as formações tiveram um grande impacto, pelo que louvamos a contribuição da Câmara Municipal e da União Europeia. Antes produzíamos o queijo nas nossas casas e não tínhamos os materiais, como as luvas, máscaras, e além disso, gerou mais lucro. Atualmente, temos dinheiro depositado no banco e em caso de avaria na geleira, por exemplo, temos como a reparar.”
Os projetos Dinamização e Requalificação Turística na Ilha do Maio e Turismo Solidário e Comunitário na ilha do Maio são implementados pelo IMVF, pela Câmara Municipal do Maio e pela Câmara Municipal de Loures, e financiados pela União Europeia e pelo Camões, I.P. e tem como entidade associada a Sociedade de Desenvolvimento Turístico das Ilhas da Boa Vista e Maio e a Câmara Municipal da Boa Vista.