Os professores da comunidade educativa da Escola Abela, na Cidade da Praia, em Cabo Verde, participaram no passado dia 31 de março na palestra “Inclusão escolar: o desafio dos profissionais frente às questões didáticas pedagógicas”, no âmbito do projeto de Promoção da Inclusão de Crianças e Jovens com Deficiências Neurológicas.

A iniciativa pretende consciencializar esta comunidade educativa do Agrupamento II de Terra Branca para a necessária aceitação e inclusão de pessoas com deficiência neurológica, nomeadamente crianças e jovens.

Segundo a coordenadora do projeto, Jéssica Fonseca, o projeto propõe a integração dessas crianças e respetivas famílias na sociedade, tanto a nível social como económico.

“Com esta palestra pretendemos levar os professores a refletirem em relação às crianças, ao material didático que podem produzir para que elas possam também sentir incluídas dentro da sociedade e na escola,” afirmou.

O objetivo desta iniciativa é ainda contribuir para reduzir preconceitos, estigmas e distanciamento social, e elucidar sobre as soluções, os comportamentos e os mecanismos que podem ser criados e promovidos para “uma verdadeira inclusão”, para famílias e cuidadores.

Acreditam que com isso podem conhecer os direitos e as oportunidades existentes para as pessoas com deficiência neurológica e ter ao seu dispor mais ferramentas de apoio no seu dia-a-dia.

O projeto tem diferentes eixos, sendo o primeiro a campanha nacional de sensibilização junto da sociedade cabo-verdiana, iniciada em novembro de 2021, denominada Tudu Fidju di Cabo Verde (“Todos Filhos de Cabo Verde), que prevê “a inclusão de todos, independente de terem ou não doença neurológica”.

“O comité pretende fazer um plano de ação após o projeto, que termina em 2023, e levar estas questões aos financiadores. Já o terceiro é o reforço das associações que trabalham com essas crianças, como a Dom do Amor, a Acarinhar, a Colmeia, entre outras”, acrescentou Jéssica Fonseca.

O empreendedorismo económico junto das famílias, de modo a capacitá-las para se inserirem no mercado de trabalho, como forma de terem acesso à educação, à saúde, dessas crianças, constitui também outro eixo deste projeto.

A professora Hélida Semedo, que lida com crianças do 1.º ano, considerou ser sempre uma mais-valia este tipo de ação, reconhecendo que precisam sempre de mais  informações que os ajudem a trabalhar as crianças com necessidades educativas especiais.

“Trabalhar com elas é sempre um desafio, porque cada criança é uma criança, temos de estar sempre preparadas, com vista a atender às suas necessidades individuais. Na prática temos dificuldades em adquirir alguns materiais, a escola facilita por exemplo com as fotocópias de apoio, mas, às vezes, o próprio professor tira do seu próprio rendimento para apoiá-las”, afirmou.

Reconheceu, por outro lado, que não é tarefa fácil trabalhar com elas, tendo realçado a ajuda dos pais e de outros parceiros, e o apoio da sala de recursos, que tem auxiliado os professores nesta situação.

O projeto, que decorre até agosto de 2023, é financiado pela União Europeia e cofinanciado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P e pela Fundação ISS Mais um Sorriso (Eixo 4) e é implementado pelo IMVF, pela Associação de Apoio a Iniciativas de Auto Promoção (SOLMI) e pela Federação das Associações de Pessoas com Deficiência (FECAD), pelo Ministério da Família e Inclusão Social de Cabo Verde, pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal, pelo Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão / Santa Casa da Misericórdia e pelo Hospital Dona Estefânia – Centro Hospitalar de Lisboa Central.

Fonte: Inforpress

 

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