De 23 de maio a 5 de junho, os 23 parceiros da campanha pan-europeia Our Food. Our Future vão estar em campanha nas redes sociais e nas ruas, pela luta contra as violações dos direitos humanos e ambientais praticadas por grandes empresas alimentares e supermercados. A Semana de Ação da campanha Our Food. Our Future é um momento de sensibilização e mobilização conjunta para descobrir quem são as pessoas que sustentam o nosso sistema alimentar e que, no entanto, são completamente invisíveis.

O IMVF, enquanto ONGD promotora da campanha em Portugal, vai promover um conjunto de ações com o objetivo de aumentar o conhecimento e a capacidade de mobilização dos jovens portugueses. Serão lançados:

  • Três briefs sobre as interligações entre a alimentação e alterações climáticas, a Guerra e os direitos humanos, da autoria de Patricia Magalhães Ferreira (consultora e especialista nas questões de desenvolvimento) em que se exploram as ligações entre os principais desafios que hoje enfrentamos e as questões da alimentação, que impactam de forma mais violenta os mais pobres e os mais vulneráveis.

Alimentação e Alterações Climáticas

A insegurança alimentar tem aumentado em zonas afetadas por catástrofes, desastres naturais e eventos extremos (inundações, tempestades, secas prolongadas, pragas e doenças), potenciados pelas alterações climáticas, os quais têm um impacto cada vez maior nas práticas agrícolas e no desenvolvimento. Os fenómenos meteorológicos extremos são já a segunda principal causa das crises alimentares no mundo, depois dos conflitos violentos. Isto afeta especialmente os países mais vulneráveis e com menores índices de desenvolvimento, que têm também menores capacidades e recursos para adaptação às alterações climáticas. (Brief “Alimentação e Alterações Climáticas”)

Alimentação e Guerra

A invasão da Ucrânia pela Rússia e a consequente guerra tem tido consequências graves na insegurança alimentar no mundo, particularmente para países onde a situação já era frágil ou mesmo insustentável. Desde logo, porque todos os fatores de crise que já se vinham a agravar e/ou que foram despoletados pela pandemia foram ainda mais reforçados: subida dos preços internacionais dos produtos alimentares de base e nos fatores de produção agrícola, disrupção nas cadeias de abastecimento agrícola e alimentar, aumento dos custos de transporte e de energia, aumento do protecionismo e das barreiras comerciais, e outros efeitos de choque nos mercados internacionais. (Brief “Alimentação e Guerra”)

Alimentação e Direitos Humanos

A distribuição desigual dos alimentos e recursos produtivos, a organização dos sistemas alimentares e o funcionamento das cadeias de abastecimento levantam questões sobre o respeito pelos direitos humanos, a justiça e a igualdade. Isto porque o sistema alimentar mundial está mais focado nos mercados e na maximização dos lucros, do que nas necessidades, direitos e dignidade das pessoas. A própria conceção de base do sistema, reduzindo os alimentos à sua condição de mercadoria em detrimento do alimento como necessidade básica das pessoas, prejudica os objetivos de soberania e segurança alimentar. (Brief: “Alimentação e Direitos Humanos”)

  • Uma série no YouTube apresentada pela ativista pelos direitos humanos Carolina Salgueiro Pereira sobre Produção e Consumo; Guerra e Fome; Migrantes e Mulheres Agricultoras.
  • Uma campanha nas redes sociais do IMVF sobre histórias de vida e ainda uma série de Instagram Lives, dinamizados a partir da conta de Instagram da Carolina Salgueiro Pereira, com ativistas convidados, sobre as várias frentes da luta por um mundo mais justo, digno e sustentável.
  • Debates e documentários, e muitas outras atividades que podem ser consultadas aqui.

Para as coordenadoras do projeto, Ana Isabel Castanheira e Mónica Santos Silva:

A semana de ação europeia é um apelo a todos os cidadãos para se mobilizarem na promoção de um sistema alimentar ético e justo. Se estamos, de facto, empenhados em promover um sistema ético do prado ao prato, então temos de garantir uma verdadeira transformação no sistema alimentar, a começar por uma forte legislação europeia sobre direitos humanos e diligência ambiental, que poderia forçar as empresas a assumir a sua responsabilidade, a identificar, prevenir, e impedir que tais violações aconteçam. Também em Portugal seria fundamental dar corpo aos Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos através da adoção de um Plano de Ação Nacional para as Empresas e Direitos”

 

MAIS INFORMAÇÕES:

SOBRE A CAMPANHA:

A Our Food. Our Future reúne 23 organizações da sociedade civil em 20 países de toda a Europa e do mundo. Estamos a construir uma forte coligação de jovens de toda a Europa e a trabalhar em conjunto na procura da nossa visão comum: um sistema alimentar socialmente justo e sustentável. Um sistema alimentar baseado nos direitos humanos e agroecológico. Um Sistema em que a soberania alimentar e os direitos dos trabalhadores migrantes se tornem realidade.

Juntos/as, estamos a sensibilizar para o impacto ecológico, bem como para as injustiças e desigualdades que os trabalhadores e as suas famílias, os pequenos agricultores e migrantes vivem ao produzir e transportar os alimentos que comemos.

A juventude europeia e a sua exigência de mudança são a força poderosa por trás da nossa campanha. Juntos/as, vamos construir um grande movimento participativo, questionar os nossos hábitos de consumo e aumentar a pressão sobre legisladores, supermercados e empresas alimentares para que promovam uma mudança de sistema em grande escala. Porque esta é a nossa alimentação é nosso futuro. E temos fome de justiça.

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