Mais de 100 mil pessoas assinaram a nossa petição Stop climate change, start a climate of change! Obrigada a todos/as  os que como nós reconhecem que a emergência climática é simultaneamente uma crise ambiental e social.

Na COP 27 a delegação de jovens da Campanha #ClimateofChange vai ser a voz do posicionamento. Se de facto queremos dar uma resposta a um dos maiores desafios comuns que enfrentamos coletivamente, mas que afeta de maneira desproporcional os mais pobres e os mais vulneráveis então temos de:

  1. Assegurar que o aquecimento global permaneça abaixo de 1,5°C.

Para assegurar que o aquecimento global se mantém abaixo de 1,5°C e evitar assim um cenário de catástrofe, a UE deve acelerar as suas ambições de neutralidade climática até 2040, uma década antes da atual meta de 2050.

  1. Sem marcha-atrás: precisamos de passos diretos e rápidos rumo às energias renováveis.

A atual crise energética deve acelerar a utilização de energias renováveis. Não deve ser dado qualquer passo atrás, utilizando carvão ou incentivando combustíveis fósseis – incluindo gás – ou introduzindo práticas insustentáveis tais como fracking, hidrogénio azul ou energia nuclear.

  1. Assegurar uma transição justa através de uma partilha justa dos encargos e das proteções sociais.

A escalada dos preços da energia e a elevada inflação impulsionada pelos combustíveis fósseis empurrou milhões de pessoas para a pobreza energética. Para milhões de pessoas tornou-se extremamente difícil pagar as suas despesas de energia. Embora a aceleração da transição energética seja a resposta certa para enfrentar este cenário volátil, é crucial canalizar os investimentos para as famílias de baixos rendimentos.

  1. Mudança para uma economia de bem-estar social e ecologicamente justa.

A mudança para uma economia de bem-estar social e ecologicamente justa irá colocar os interesses da sociedade e da natureza acima dos das corporações, das economias e países mais poderosos e irá basear-se em indicadores para além do PIB. Devemos abandonar o atual modelo económico que privilegia o crescimento constante da economia e da produtividade assente em modelos insustentáveis de desenvolvimento. Globalmente precisamos de um modelo económico regenerativo, sustentável, democrático, justo e solidário

  1. Proteger os migrantes induzidos pelas alterações climáticas através de uma política de migração baseada nos direitos humanos.

Aumentar a resiliência local e a justiça global, fornecendo apoio financeiro e técnico para a adaptação aos países mais afetados pelas alterações climáticas e desenvolvendo um esquema internacional de proteção da migração induzida pelas alterações climáticas. Políticas de migração e adaptação justas e baseadas nos direitos humanos aumentariam a resiliência das pessoas mais vulneráveis. Também aumentará o bem-estar nas comunidades de origem, trânsito e destino.

  1. Permitir a participação dos jovens na tomada de decisões políticas.

A participação da sociedade civil do norte e do sul, especialmente dos jovens e outros grupos excluídos, deve ser garantida para desenvolver mecanismos de ação climática que não deixem ninguém de fora. Os jovens são atores de desenvolvimento importantes, mas sub-representados, com um interesse no presente e ainda mais no futuro.

  1. Acordar sobre Financiamento Climático e um mecanismo de Perdas e Danos.

Existe uma enorme dívida dos países mais ricos e industrializados para com os países mais pobres do Sul global relacionada com as emissões de gases com efeito de estufa. Esta dívida deve ser reconhecida, quantificada e devem existir diferentes mecanismos para a pagar. Existem vários acordos sobre a iniciativa climática que infelizmente não estão a ser cumpridos, enquanto que os mecanismos de financiamento existentes não são suficientes para enfrentar perdas e danos que vão para além do âmbito da mitigação e adaptação.

  1. Assegurar que os melhores interesses das crianças e dos jovens e os seus direitos sejam protegidos

A emergência climática é uma das maiores ameaças a nível global para as crianças e adolescentes. Espera-se que as crianças nascidas hoje sejam as que enfrentarão as piores consequências da crise climática (enfrentarão mais secas, inundações, perda de colheitas, ondas de calor, etc.). Existe uma dívida intergeracional ligada às alterações climáticas.

  1. Defender os direitos das mulheres e raparigas e a sua participação nos processos de tomada de decisões climáticas

As mulheres são mais afetadas pelas alterações climáticas, são mais dependentes dos recursos naturais (60-80% dos alimentos são produzidos por mulheres), são responsáveis pelo fornecimento de alimentos, água ou madeira às suas famílias, são responsáveis pelo trabalho de cuidados, enfrentam um risco maior de morrer num desastre climático ou de enfrentar violência e exploração.

Estamos a enfrentar uma das décadas mais turbulentas dos tempos modernos. Diariamente recebemos sinais que nos dizem que a situação climática, económica e social atual é uma ameaça a longo prazo para a humanidade e para o ambiente. Para assegurar um futuro para todos, o momento de exigir uma mudança sistémica e justiça climática é agora.

*Esta posição política reflete as recomendações do consórcio #ClimateofChange sobre as discussões em debate na COP27 relativas à justiça climática. O documento de posicionamento foi preparado pela EEB, WeWorld, ActionAid Hellas, Alianza por la Solidaridad – ActionAid Espanha, Südwind, finep, IMVF, SLOGA e BEPF no âmbito do consórcio Clima da Mudança.

Spread the love