Os primeiros doentes neurocirúrgicos pediátricos, com diagnósticos de hidrocefalias e mielomeningocelos, foram operados na segunda-feira, 30 de janeiro, no Hospital Dr. Ayres de Menezes (HAM), na cidade de São Tomé.
Esta é a primeira vez que a Missão de Neurocirurgia Pediátrica, promovida no âmbito do projeto Saúde para Todos – Consolidação do Sistema Nacional de Saúde de São Tomé e Príncipe, exerce atividade clínica no arquipélago são-tomense. Esta missão, que decorre entre 28 de janeiro e 4 de fevereiro, surge da necessidade identificada pelo HAM relativamente a esta especialidade.
Para além das intervenções cirúrgicas (encerramento de mielomeningocelos e colocação de sistemas de derivação ventrículo-peritoneais), serão realizadas consultas externas e será ministrada formação teórica e prática neurocirúrgica aos profissionais de saúde são-tomenses em temas tais como, traumatismo crânio-encefálico, hidrocefalia, disrrafismos espinhais e tumores cerebrais; assim como em anestesiologia com a divulgação e aplicação da quetamina-dexmedetomidina para procedimentos de sedação em cirurgia pediátrica major em países de médio-baixa rendimento. Serão ainda treinados os cuidados pós-operatórios específicos ao doente neurocirúrgico.
A missão é constituída por uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde: duas médicas especialistas em neurocirurgia, com experiência em neurocirurgia pediátrica, Dra. Maria Manuel Santos, do Hospital de Santa Maria e a Dra. Maria João Machado, do Hospital de Braga, duas médicas anestesistas, a Dra. Joana Marques, do Hospital de Braga e a Dra. Joana Figueiredo, do Hospital da Luz e a médica pediátrica, Dra. Ana Sofia Carneiro, do Hospital Dona Estefânia.
O Programa Saúde para Todos tem vindo a promover a acessibilidade, equidade e eficácia na provisão de serviços de saúde em São Tomé e Príncipe. Em 2009, o Saúde Para Todos foi reconhecido pelo Alto Comissariado da Saúde como sendo de Interesse Público, favorecendo, assim, a deslocação regular de profissionais de saúde portugueses a São Tomé e Príncipe.
Desta forma, a intervenção no âmbito das missões médicas ao país tem demonstrado substanciais ganhos clínicos, humanos, económicos e sociais. Tem contribuído de forma vital para o desenvolvimento sustentável de São Tomé e Príncipe, ao permitir a prevenção, tratamento e monitorização de casos clínicos – que de outra forma apenas poderiam ser resolvidos fora do território –, evitando, assim, o desmembramento de famílias e garantindo o imprescindível apoio clínico e familiar, neste caso a crianças intervencionadas no seu país de origem.
O atual projeto Saúde para Todos – Consolidação do Sistema Nacional de Saúde de São Tomé e Príncipe é implementado pela AMVF – Associação Marquês de Valle Flôr, pelo IMVF – Instituto Marquês de Valle Flôr, em estreita parceria com o Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe e financiado pela Cooperação Portuguesa, através do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e da Direção-Geral da Saúde de Portugal.