O IMVF e a Tiniguena acabam de lançar o estudo “Dinâmicas e impactos da expansão do Turismo no Arquipélago dos Bijagós”, uma obra de reflexão que coloca em evidência que o turismo nem sempre é sinónimo de riqueza e desenvolvimento para os países do sul.

Quem beneficiará do desenvolvimento do turismo na Área Marítima Protegida Comunitária de Urok? Quem sairá prejudicado? Porquê, como e em que condições? Partindo da análise à Área Marinha Protegida Comunitária de Urok o documento questiona a equidade da repartição dos custos e dos benefícios gerados pelo turismo em matéria económica, social, cultural neste local e avalia o impacto que o desenvolvimento das práticas turísticas representam para os habitantes locais.

Pretende-se assim dar a conhecer a atual ameaça da abertura progressiva das ilhas Urok – onde a atividade turística é atualmente desaconselhada pelo seu plano de gestão – e as consequências que a chegada de novos utilizadores podem representar para a comunidade. Detentor do estatuto de Reserva da Biosfera, o Arquipélago de Bijagós – onde se integram as Ilhas Urok – é rico em matéria de diversidade biológica e nele prevalece um indissociável equilíbrio entre os seus habitantes e o meio natural, facto que atrai agora os operadores turísticos pelo potencial económico das qualidades naturais, culturais e paisagísticas do local.

Emanuel Ramos, assistente técnico do projeto acompanhou toda a investigação e trabalho até ao resultado final e explica “Para quem desenvolve um trabalho contínuo naquele arquipélago, em especial nas ilhas Urok, é fácil perceber que a forma como o turismo se tem vindo a afirmar naquele local, não responde a qualquer necessidade da comunidade e não visa os interesses locais. Toda a estrutura social sofreu alterações, foram introduzidos novos hábitos e, contrariamente ao que seria de esperar, não foi gerado emprego. Este estudo não pretende dizer “não” ao turismo, pretende perceber como é que este pode ser útil para a comunidade e para o desenvolvimento das ilhas. O nosso objetivo é que, com base nestas informações, seja possível encontrar pistas para uma regulamentação e para o que pode vir a ser um código de conduta na área protegida das ilhas”.

Um documento da autoria do CETRI – Centre Tricontinental (Bélgica) que apresenta uma visão consciente e necessária sobre a sustentabilidade do planeta e a democratização da ordem turística mundial, chamando a atenção para a necessidade de regulamentação de práticas turísticas em locais como Urok de forma a proteger de meros interesses económicos as comunidades locais e as qualidades naturais e paisagísticas.

O estudo “Dinâmicas e impactos da expansão do Turismo no Arquipélago dos Bijagós – Lições para a AMPC Urok” é editado no âmbito do projeto “Urok Osheni: conservação, desenvolvimento e soberania nas Ilhas Urok” cujo objetivo é contribuir para o reforço do processo de governação participativa que já existe na Área Marinha Protegida Comunitária das ilhas de Urok e vir a construir um Modelo de Desenvolvimento Sustentável e Integrado para AMPC. Executado pelo IMVF em parceria com a ONG guineense Tiniguena, é financiado pela Comissão Europeia e Cooperação Portuguesa.

Consulte o estudo na íntegra aqui.

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