A mais recente missão do IMVF em São Tomé e Príncipe resolveu patologias urgentes e permitiu curar a cegueira nos casos mais graves. Mais de 600 pacientes foram observados por uma equipa portuguesa, numa ação de continuidade do projeto “Saúde para Todos: Especialidades“.
No terreno esteve uma equipa técnica de profissionais do Serviço de Oftalmologia do Hospital Egas Moniz e do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) que, entre 4 e 18 de outubro, observou 636 doentes e realizou 83 procedimentos cirúrgicos, priorizando as situações mais graves. Somente às cataratas, a principal causa de cegueira reversível em todo o mundo, foram submetidos a cirurgia 62 pacientes, operados no Hospital Dr. Ayres de Menezes. Através da introdução de uma lente intraocular recuperaram integralmente a visão, evitando-se a cegueira de quem já se tinha habituado a ver um mundo turvo e com manchas. Sete das cirurgias foram feitas a glaucomas, as restantes a outras patologias graves identificadas. Cuidados permanentes de enfermagem e o recurso a meios complementares de diagnóstico ajudaram ao correto seguimento destes doentes.
Durante a missão foram também feitas várias comunicações e atividades formativas em bloco operatório e em contexto de consulta – um passo determinante para melhorar a capacidade dos técnicos santomenses na observação e avaliação de doentes e na formação para a correta utilização dos equipamentos disponibilizados pelo projeto. Estes são apenas os principais objetivos cumpridos em apenas 14 dias, por uma equipa de seis elementos – quatro médicos e dois enfermeiros – que viajaram a convite do IMVF e graças ao reconhecimento de interesse público e qualificação como missão oficial ao abrigo de despacho do Alto Comissariado para a Saúde.
Desde 2009 que os técnicos santomenses contam com o apoio permanente de equipas portuguesas de várias especialidades médicas que ajudam a identificar casos urgentes, realizam consultas e cirurgias e dão formação “on the job”. Tudo por iniciativa do “Saúde para Todos: Especialidades”. Mais de 12 000 consultas e de 850 intervenções cirúrgicas das várias especialidades foram já entretanto realizadas em pouco mais de dois anos por este projeto – financiado pela Cooperação Portuguesa, Fundação Calouste Gulbenkian e Instituto Marquês de Valle Flôr, em parceria com o Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe. Uma iniciativa que tem vindo a complementar, de forma eficaz e sustentável, a prestação de cuidados preventivos e primários, com assistência local especializada de cuidados secundários e terciários.
No terreno esteve também recentemente uma missão de otorrinolaringologia, com cinco técnicos do Hospital CUF Infante Santo (de 24 de outubro a 1 de novembro). De momento está em curso uma missão de duas equipas, que seguiram para o terreno no início desta semana: Urologia, do Hospital Egas Moniz; Ginecologia, do IPO; e Anatomia Patológica do Hospital Fernando da Fonseca. Dia 7 de novembro continuam as missões, cobrindo as especialidades de Cirurgia Geral, Pediatria e Pneumologia.
As missões de curta duração permitiram já reduzir os elevados custos com as evacuações sanitárias, tanto para os Governos como para os utentes, abrindo também caminho para a autonomização da prestação de assistência especializada pelos próprios técnicos locais. Um processo que tem sido fortemente apoiado por um sistema de Telemedicina que permite um maior acompanhamento à distância, a assistência técnica especialidade em tempo real e ainda uma melhor gestão dos pacientes e por conseguinte maior eficácia destas deslocações médicas pontuais.
O “Saúde para Todos” foi distinguido com uma menção honrosa no âmbito dos Prémios Bial 2008 e, mais recentemente, considerado pelas Nações Unidas como exemplo de boas práticas em “capacity building”.