Balanço positivo em mais uma missão oftalmológica a São Tomé e Príncipe. “Conseguimos transformar problemas em contra-tempos”, afirma o Dr. Luís Dias Pereira, coordenador da equipa, não negando as dificuldades que ainda encontram ao chegar ao país.

De 24 de janeiro a 7 de fevereiro esteve em terreno no Hospital Ayres de Menezes, na cidade de São Tomé, com uma equipa de quatro médicos e duas enfermeiras, no âmbito do projeto “Saúde para Todos: Especialidades“. Foram realizadas mais 600 consultas e de 100 intervenções cirúrgicas, cumprindo o objetivo desta que é a 7.ª missão da especialidade ao país: dar continuidade à assistência médica e à cirúrgia oftalmológica.

A colocação de dois médicos no bloco operatório, juntamente com as duas enfermeiras, e dois médicos nas consultas, permitiu rentabilizar ao máximo a estada dos médicos portugueses, contribuindo assim para a resolução de inúmeros casos. O mais comum é a catarata, que felizmente se trata de uma cegueira reversível e por isso mais passível de ser resolvido com sucesso.

As jornadas diárias foram contínuas no Hospital Central, com exceção do último dia. Numa palestra, que decorreu no Centro Cultural Português, a área de oftalmologia foi apresentada como um caso de boas práticas, tendo já conseguido uma enorme poupança em termos de custos: o valor gasto em território são-tomense tornou-se 1/5 do valor estimado que seria gasto caso esses doentes tivessem sido tratados em Portugal com o mesmo nível de qualidade.

Pela ocasião, o Secretário-Geral do Ministério da Saúde e dos Assuntos Sociais, Dr. Felisberto Carvalho, destacou o facto do projeto “Saúde para Todos” – projeto que já conseguiu reduzir em 50% as evacuações sanitárias em São Tomé e Príncipe – oferecer “um imenso contributo ao sistema de saúde são-tomense”, manifestando o desejo de manter esta parceria.

A fechar a missão, ainda tempo para uma sessão clínica. Foi pedido ao corpo clínico do hospital que elaborasse um conjunto de questões que deram depois o mote para a apresentação de seis trabalhos pela equipa portuguesa, numa tentativa de reforçar o diálogo e o intercâmbio entre os técnicos dos dois países. Quais as possíveis causas e tratamentos de epífora?; sondagem e lavagem das vias lacrimais; edema macular cistóide; neuropatias ópticas; uveite hipertensiva e Midríase pupilar foram as temáticas trabalhadas.

Até dezembro de 2011, o projeto “Saúde para Todos”, em todas as suas especialidades, contabilizava já mais de 12.000 consultas e de 850 cirurgias, tudo possível com base num trabalho em equipa e integrado numa cooperação mais ampla – com o IPAD e a Fundação Calouste Gulbenkian. A recompensa, essa, dizem os técnicos portugueses, está no sorriso dos pacientes, que “é tudo quantos basta para o nosso trabalho”.

Como refere o Dr. António Melo, outro dos médicos pertencentes ao grupo em missão, a cooperação e a sustentabilidade é constantemente reforçada, uma vez que “aquilo que é importante para nós é sermos uma peça deste puzzle que é a Cooperação e do projeto “Saúde para Todos”, e isso vê-se de uma forma sustentada”.

Estas deslocações integram-se na Cooperação com São Tomé e Príncipe – reconhecimento de Interesse Público e Qualificação como Missão Oficial ao abrigo do Despacho nº 6243/2008 – Alto Comissariado para a Saúde; no âmbito do Programa Saúde Para Todos – Especialidades, da responsabilidade do IMVF.

As próximas missões da especialidade de Oftalmologia estão agendadas para junho e outubro deste ano.

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