A missão de Otorrinolaringologia esteve em São Tomé e Príncipe entre 11 e 18 de maio de 2018, no quadro do projeto Saúde para Todos – Rumo à Sustentabilidade.

Esta missão contou com uma equipa de profissionais de saúde portugueses do Hospital CUF Infante Santo, do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental e da Amplifon: a Prof.ª Doutora Cristina Caroça, o Dr. Luís Marques Pinto, a Dr.ª Paula Campelo, a Dr.ª Ana Cristina Jardim, a audiologista Tânia Martins, a terapeuta da fala Tânia Constantino, a audiologista Cristiana Freire, a Enf.ª Bárbara Carvalheda e o Enf. João Morgado.

As principais intervenções realizadas abrangeram consultas e cirurgias de Otorrino, consultas de audiologia, avaliação auditiva, adaptação de próteses auditivas, avaliação e terapia da fala e formação médica especializada.

De realçar que o poster “Telemedicina em ORL” apresentado no 65ª Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Otorinolaringologia, que decorreu entre 4 e 6 de maio de 2018, em Aveiro, e que nesta missão foi oferecido e afixado no Hospital Dr. Ayres de Menezes.

Foram ministradas 2 formações durante a sessão clínica no Hospital Ayres de Menezes sobre infeções associadas aos cuidado de saúde e obstrução nasal – etiologia e exames complementares de diagnóstico.

Para a Dr.ª Cristina Caroça, o Saúde para Todos é “sem dúvida um projeto enriquecedor do ponto de vista profissional e humano. Apesar da telemedicina ser um grande apoio durante a ausência das equipas de missão, é cada vez mais importante a formação de clínicos são-tomenses nas diferentes áreas de especialização para uma maior autonomia do país.”

A Missão em Números

1 semana de missão

73 consultas de Otorrino (31 primeiras e 42 de seguimento)

17 doentes operados e 26 procedimentos cirúrgicos realizados

59 consultas de Terapia da Fala (29 com prótese e 30 sem prótese)

66 consultas de Audiologia (34 primeiras e 32 de seguimento)

43 consultas de próteses auditivas (42 de seguimento e 1 adaptação)

106 ouvidos avaliados (Timpanograma); 74 ouvidos avaliados (Audiograma tonal); e 30 ouvidos avaliados (Potenciais Evocados Auditivos).

Testemunhos

Sobre a missão:

  • “Apesar de mantermos desde há longa data o diagnóstico de surdez, é surpreendente que continuamos a encontrar crianças com surdez bilateral, sem possibilidade de reabilitação protésica e sem capacidade para o ensino da língua gestual e ensino especial nas escolas a estas crianças.”
  • “Pensei que havia pouca audiência, mas com o auditório cheio tenho a certeza que os profissionais do hospital têm interesse em aprender.”
  • “O caso de um adolescente de 13 anos que se dirigiu à nossa consulta de Audiologia onde se verificou uma audição normal, no entanto aparentava um atraso de desenvolvimento/cognitivo e como tal não se encontra inserido na sociedade. Está em casa à espera que os dias passem, pois não o querem na escola. Como este caso, existem outros que vamos encontrando em cada missão que se realiza.”
  • “Em termos clínicos tivemos um caso de colesteatoma, clinicamente avançado, e que felizmente conseguimos operar a tempo, antes da doente desenvolver uma complicação (meningite/abcesso cervical). São estes casos, que apesar de desafiantes, pelas dificuldades clínicas e técnicas inerentes, me fazem pensar na importância de trazermos estes cuidados de saúde a esta população”.
  • “Os vários doentes pós-operatórios que visitamos ao fim do dia mantinham-se em jejum, e uma doente apresentava mesmo um globus vesícal. Estas várias situações levam-me a fazer um mea culpa. Penso que devemos melhorar a comunicação com a equipa de enfermagem da Enfermaria e talvez pensar mesmo numa formação sobre os cuidados numa enfermaria com doentes pós-operatório de ORL”.

Sobre o Programa Saúde para Todos:

  • “O programa saúde para todos é ótimo. Todos os profissionais com espírito de missão, dedicação, profissionalismo”.
  • “Tenho a certeza que fazemos um excelente trabalho. Na última visita com as médicas fiquei sensibilizado com o agradecimento sentido dos doentes e pais das crianças operadas.”
  • “Ótimo ambiente multiprofissional e multidisciplinar na nossa missão, pedra de toque para um verdadeiro trabalho de equipa.”
  • “Desde o início que vejo este Programa como essencial ao apoio na saúde do povo são-tomense. Acho que o grande desafio é a formação e diferenciação dos profissionais de saúde locais.”
  • “Excelente contributo e partilha nas diferentes especialidades e na cooperação e prestação de cuidados de saúde.”

Sobre o contributo desta experiência para a formação dos profissionais de saúde portugueses: 

  • “O contributo desta experiência para a minha formação é importante sobretudo na gestão de consumíveis cirúrgicos.”
  • “Muito importante para o nosso desenvolvimento mental e social enquanto seres humanos preocupados com os nossos irmãos.”
  • “Desde o início que esta experiência é fundamental na minha formação. Iniciei estas missões como interna do primeiro ano da especialidade de ORL. Passados 5 anos, e recém-especialista, sem dúvida que a aprendizagem nestas missões me fez crescer como profissional e ser humano. Os desafios constantes e imprevisíveis, bem como a necessidade de fazer mais com menos fizeram-me desenvolver novas competências, que trago comigo para a atividade do dia a dia.”
  • “Deparamo-nos com uma realidade diferente da que estamos habituados, casos clínicos diferentes que nos ensinam. Condições às quais temos de nos adaptar muitas vezes pelo improviso, sem dúvida alguma que cada missão realizada é uma mais valia à minha experiência profissional.”
  •  “Aprendizagem, partilha, enriquecimento crescente como pessoa e profissional de saúde. Humanização. Saber, Aprender, Fazer.”

As missões das especialidades médicas que anualmente se deslocam a São Tomé e Príncipe enquadram-se no projeto Saúde para Todos – Rumo à Sustentabilidade implementado pelo IMVF em estreita parceria com o Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe e cofinanciado pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua I.P. e pela Direção Geral da Saúde de Portugal.

Saiba mais em saudeparatodos.pt/

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