A emocionante e calorosa receção da população da ilha de Komo, na região de Tombali, na Guiné-Bissau espelhou o profundo agradecimento pelo trabalho que o projeto UE-ACTIVA – Eixo 1: Governação Territorial tem feito em prol da melhoria das condições de vida da população desta ilha com cerca de 9 mil habitantes, votada a um isolamento acentuado pela sua condição insular.

Por terra e mar, de jipe, de barco (canoa), de motocarro, de bicicleta, a pé, e depois de muitas horas e km percorridos a tão aguardada chegada. No dia 9 de novembro de 2018.

Da comitiva fazia parte o chefe de seção, chefe de cooperação de desenvolvimento rural, saúde e infraestruturas da União Europeia na Guiné-Bissau, Pablo Leunda Martiarena, o administrador executivo e diretor de projetos do IMVF, Ahmed Zaky, a coordenadora geral de projetos do IMVF na Guiné-Bissau e coordenadora do projeto UE-ACTIVA – Eixo 1: Governação Territorial, Leonor Queiroz e Mello, e a restante equipa do projeto, todos recebidos pela população em ambiente de festa, com música e danças.

Guiada pela população, a comitiva dirigiu-se ao Mercado de Komo – estrutura com cerca de 200m2 e capacidade para 50 pessoas, que inclui ainda duas latrinas. Inaugurado em abril de 2018, o mercado tem uma gestão partilhada entre as autoridades locais e a comunidade. Este mercado foi uma das infraestruturas identificadas como prioritárias nos Planos de Desenvolvimento Agrícola Regional (PDAR) e a sua edificação teve como objetivo contribuir para a dinamização das cadeias de valor dos produtos agrícolas e, consequentemente, para o desenvolvimento ago-económico da região.

Chegou a altura dos discursos de agradecimento ao projeto por parte das autoridades locais, do comité de gestão do mercado e de representantes da população, e da entrega de diplomas de reconhecimento e de ofertas simbólicas aos elementos da comitiva.

Durante a manhã, a comitiva teve também oportunidade de conhecer o Armazém, onde está guardado arroz, bem como a Loja Comunitária, onde se comercializam produtos agrícolas. No armazém foram colocadas paletes e uma balança e na loja foram colocadas prateleiras e o balcão. Os dois espaços foram cedidos pela Direção Regional de Agricultura da Guiné-Bissau e reabilitados e equipados no âmbito do projeto. A gestão é assegurada pela Organização Não Governamental Estrutura de Apoio à Produção Popular (EAPP) e pelo Departamento Desenvolvimento Social da Igreja Evangélica de Guiné-Bissau (DDS/IEGB).

Depois do almoço, a visita seguiu pelas Bolanhas (arrozais) reabilitadas pelo projeto. Os trabalhos de ordenamento hidroagrícola das bolanhas em Komo tiveram início em 2017. A ONG EAPP e a DDS/IEGB foram selecionadas para mobilizarem a comunidade para a reabilitação das bolanhas; foi realizado um estudo de ordenamento hidroagrícola para 15 bolanhas; e atribuído um valor monetário (Fundo Flexível) às duas organizações para impulsionarem a mobilização comunitária para reabilitarem as bolanhas.

Paralelamente aos trabalhos de ordenamento foram também formados Comités de Gestão das Bolanhas e da Água, que receberam formação em gestão de infraestruturas hidráulicas, gestão coletiva do perímetro ordenado e manejo de água, de forma a mostrar a importância das infraestruturas hidráulicas na gestão da água de irrigação e da produção agrícola.

Em Komo, as bolanhas abrangem mais de 6 mil pessoas dos 9 mil habitantes da ilha.

Até junho de 2018, foram reabilitados 4.187,6 hectares de 16 bolanhas, entregues 719 tubos PVC e colocados 98 desses tubos.

Importa também destacar outras atividades que foram ou estão a ser implementadas pelo projeto no setor de Komo:

– Distribuição a crédito de 30 toneladas de sementes melhoradas de arroz;

– Criação de 6 unidades de transformação de óleo de palma;

– Apoio à regeneração ou restauração de mangrove (tarrafes) e capacitação de diferentes atores no domínio da reflorestação de mangal nas bolanhas de Wedequeia;

– Formação prática em construção de fogões melhorados, de forma a facilitar o trabalho das mulheres através da redução do uso de lenha;

– Criação e dinamização de 8 grupos de poupança e crédito rotativo;

– Melhoria do acesso a áreas produtivas através da construção/reabilitação de 3 pontes/rampas;

– Reabilitação dos quartos de passagem e da casa de banho do Centro de Saúde de Komo, por iniciativa da equipa de projeto para facilitar a ida dos técnicos;

– Reabilitação da sede da Administração do Setor de Komo, a pedido do atual administrador, Sadja Sambu;

– Entrega de um motocarro a crédito e de uma debulhadora manual à Associação dos Filhos e Amigos Trabalhadores do Setor de Komo;

– Construção das rampas de acesso aos portos de Ganjola, Sua, Gouveia (Caminho de Ferro) e M’Pugda que, não ficando no setor de Komo, vem também beneficiar a comunidade;

– Elaboração de Planos de Negócio para a Associação dos Filhos e Amigos Trabalhadores do Setor de Komo e para a a Loja/Armazém.

O investimento realizado em Komo foi maior do que em qualquer outro setor alvo do projeto. Não vemos a comunidade como simples beneficiários, mas como parceiros de implementação, uma vez que são eles os donos da terra, utilizadores das infraestruturas e equipamentos, e beneficiários únicos dos rendimentos que daí esperamos que possam retirar.

Sempre que possível, temos optado por recorrer a parceiros locais, da região ou do setor, tendo, contudo, atenção à qualidade do trabalho e à responsabilidade que temos de entregar resultados (estruturas devidamente organizadas e operacionais). A escolha inicial da EAPP e da DDS/IEGB foi feita com recurso a um concurso para o qual apenas foram convidadas organizações sedeadas na região e que demonstrassem capacidade e experiência de trabalho.

O projeto UE-ACTIVA (Ações Coletivas e Territoriais Integradas para a Valorização da Agricultura) é um programa de desenvolvimento rural integrado, financiado pela União Europeia. O seu Eixo 1 – Governação Territorial é cofinanciado pelo Camões, I.P., com duração prevista até 2019 e um orçamento de 4.444.444 €. É implementado pelo IMVF em parceria com a RESSAN-GB – Rede de Segurança Alimentar e Nutricional da Guiné-Bissau, nas regiões de Bafatá, Tombali e Quinara, na Guiné-Bissau.

Mapa de investimentos realizados pelo projeto na Região de Tombali

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