Durante os dias 13, 14 e 15 de agosto de 2019, na comunidade de Patagonia, no município de La Montañita em Caquetá, decorreu a 6.ª Escola de Campo Agrícola (ECA) organizada pelo projeto Territórios Sustentáveis para a Paz em Caquetá, na Colômbia, sob o tema “Sistemas Agroflorestais regenerativos com foco em Produtos Não Lenhosos do Bosque”.

Esta ECA procurou aprofundar alguns princípios bases dos sistemas agroflorestais biodiversos já desenvolvidos em Escolas de Campo anteriores, como a sucessão natural e a promoção da biodiversidade através da inclusão, no mesmo espaço produtivo, de espécies perenes, lenhosas e arbustivas do ecossistema florestal, espécies frutícolas, e cultivos anuais, como o milho. O principal foco desta ECA foi a integração de espécies florestais não lenhosas neste tipo de sistemas regenerativos.

A ECA contou com a participação de 30 pessoas, entre representantes de instituições regionais ligadas ao desenvolvimento rural, preservação ambiental e agricultura, e produtores da comunidade local. Ao longo de 3 dias de trabalho, formadores e formandos focaram-se no potencial de aproveitamento de produtos não lenhosos do bosque, particularmente de frutos de várias espécies de palmeiras amazónicas. Foram desenvolvidos métodos participativos para a identificação das espécies com potencial comercial, através do conhecimento e uso local destes recursos, e para a criação e desenho dos sistemas agroflorestais a implementar.

Os produtores participantes, a maioria da comunidade de Patagonia, no município de La Montañita, fazem parte de um grupo de produtores integrados no processo de criação de uma fábrica de produção de óleos vegetais a partir de produtos não lenhosos da região. A canangucha (Mauritia flexiosa), (moriche ou buriti, no Brasil), fruto de uma palmeira presente na região de Caquetá e componente essencial do ecossistema amazónico, representa uma importante oportunidade de geração de rendimento para os agricultores da região, sendo que, devido às suas propriedades nutracêuticas e teor de vitamina A, existe um mercado para a sua comercialização. De maneira semelhante, a sacha inchi (Plukenetia volubilis), nativa do Perú e consumida por comunidades indígenas pelas suas propriedades, pode ser transformada em óleo vegetal para consumo. Também a Cacay (Caryodendron orinocense), uma planta ainda pouco conhecida, tem potencialidades muito promissoras no cuidado de hidratação e rejuvenescimento da pele reconhecidas pela indústria cosmética. Atualmente, existe apenas uma marca colombiana a fazer a comercialização do óleo de cacay, sendo que a sua produção cobre apenas cerca de 15% deste mercado em expansão, o que torna promissora a aposta neste produto em Caquetá.

A criação de cadeias de valor centradas nestes recursos, com a sua transformação em óleos extra virgem prensados a frio deve ser acompanhada pela capacitação dos produtores no desenvolvimento de modos de exploração sustentável destes recursos, permitindo a sua regeneração e preservação. A Escola de Campo Agrícola “Sistemas Agroflorestais regenerativos com foco em Produtos não Lenhosos do Bosque” faz parte desta lógica de intervenção, promovida pelo projeto Territórios Sustentáveis para a Paz em Caquetá, na Colômbia.

Este projeto é implementado pelo IMVF e pela Red Adelco e financiado pelo Fundo Fiduciário da União Europeia para a Paz na Colômbia, cofinanciado pelo Camões, I.P., e conta com contribuições da governação local do Departamento de Caquetá e dos municípios de La Montañita e El Paujil, bem como de empresas privadas portuguesas presentes na Colômbia.

 

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