O Projeto Território Sustentáveis para a Paz em Caquetá, na Colômbia organizou, de 11 a 13 de março, um atelier formativo em Etnobotânica, destinado a produtores de comunidades locais e ex-combatentes. O atelier foi liderado por uma equipa de biólogos e contou com a presença de cerca de 20 produtores e ex-combatentes, estudantes convidados da Universidade da Amazónia, um representante do projeto “Guardiones del saber etnobotânico” do departamento de Putumayo, e elementos da equipa do projeto.
Entre os participantes encontravam-se também as mulheres produtoras da associação “Essências de Paz”, que aposta na produção de produtos cosméticos a partir de plantas aromáticas e medicinais locais. Esta associação, constituída por mulheres antigas combatentes do poblado Hector Ramirez (antigo Espaço Territorial de Capacitação e Reintegração) e mulheres campesinas, representa um exemplo de uma iniciativa de reincorporação destas populações na economia local, uma lógica que tem vindo a ser central ao longo do projeto.
Ao longo de 3 dias explorou-se e reforçou-se o conhecimento de todos os participantes nas características e propriedades das espécies etnobotânicas da região. O atelier orientou-se por uma metodologia teórico-participativa, centrada na troca e partilha de conhecimentos. Graças à heterogeneidade do grupo, foi possível aliar conhecimento científico com conhecimento tradicional e empírico, valorizando os contributos de produtores da comunidade local e de ex-combatentes, atores com uma vivência e experiência de enorme ligação e proximidade com a floresta amazónica e a flora local. Foi realizada uma visita de campo para o reconhecimento de plantas de uso de medicinal e identificação de diferentes usos. Foi ainda realizada uma sessão com foco nos diferentes métodos de extração e recolha destas plantas, procurando a sua preservação no ecossistema amazónico. Por fim, abordou-se a produção, manipulação e aplicação de óleos essenciais fabricados a partir destas plantas.
Esta ação formativa procurou não só fortalecer as capacidades dos beneficiários, mas também valorizar os seus conhecimentos, reconhecendo as tradições e saberes das comunidades amazónicas, a importância da relação ancestral entre o homem e este ecossistema, e a necessidade da transmissão destes conhecimentos e valores a gerações futuras.