O WorkLab Tese II: Narrativas sobre as migrações, organizado pelo projeto TAS – Tese, Antítese, Síntese – Migration Labs, decorreu na semana da interculturalidade, mais precisamente no dia 25 de julho de 2020, contando com o envolvimento ativo de 23 participantes. Foram abordados temas como o racismo, as narrativas na diáspora, as políticas para a diversidade, as fake news, entre outros. Nesta partilha de conhecimento, os participantes, com base em factos e na realidade, tiveram oportunidade de refletir e debater criticamente estes assuntos.
Tai Barroso, cocriadora do Diasporic Narratives, destacou, a partir do livro de Grada Kilomba Memórias da Plantação – Episódios de racismo quotidiano, os 5 mecanismos que o indivíduo branco tem de defesa do ego: Negação Culpa; Vergonha; Reconhecimento e Reparação. Num dos temas que mais polémica tem levantado a nível nacional e mesmo internacional, as reparações sociais exigidas em razão da escravatura, referiu-se como exemplo, as reparações sociais sobre as pessoas de família judaica que hoje têm o direito a receber nacionalidade, mediante critérios definidos. Ou seja, a Reparação existe e pode acontecer.
Na abordagem ao tema das narrativas na diáspora, questões como:
Quem é que escreve a história? Quem fala sobre África?
Quem fala sobre os processos de descolonização?
Quem é o sujeito e quem é o objeto?
foram lançadas e debatidas, tendo sido partilhadas várias respostas que também apelam à reflexão. Respostas como, se temos alguém a escrever sobre a história de algo que não é seu, isso poderá conduzir a que os intervenientes sejam assumidos como meros objetos. Ou seja, é fundamental ter a consciência de quem é sujeito e de quem é objeto, dentro dos projetos, dos espaços, nas nossas relações.
Alexandra Santos, formada em Serviço Social pela Universidade Católica de Lisboa e Mestre em Género, Sexualidade e Teoria Queer pela Universidade de Leeds, mostrou o quão importante é a subjetividade e como é importante pensarmos que os estereótipos não nos permitem pensar em subjetividades, nem em contextos diferentes, nem em diversidades. Realçou também a questão da tentativa de manutenção de poderes, retirando a subjetividade, os vários contextos de onde somos, que nos trazem à nossa complexidade e que nos juntam na nossa diversidade.
Indicou ainda que existe um pós-colonialismo, afirmando que o colonialismo mesmo com outras caras e formas, continua a existir. Quanto à integração de migrantes, Alexandra Santos lançou questões:
Quando falamos de integração, falamos de quê e porquê?
Quando se diz que estamos a integrar migrantes, estamos a falar de que pessoas?
Quem define o que é migrante e quem é e quem não é?
Questões que vamos continuar a refletir e debater no decorrer do projeto TAS – Tese, Antítese, Síntese – Migration Labs.
O WorkLab terminou com a participação do investigador Gianluca Scerri da ONGD Cooperazione Paesi Emergenti (COPE), parceira do projeto, que focou a sua apresentação na importância de combater as fake news, para que o palco do debate seja estruturado em torno da verdade e dos factos.
Os participantes deste WorkLab foram ainda desafiados a desenvolver questões dirigidas aos decisores políticos e que serão trabalhadas em grupo posteriormente:
De que forma os protestos sobre as questões raciais a ocorrer atualmente por todo o mundo podem colocar em causa as narrativas sobre as migrações construídas pela camada política europeia?
Será que o Estado dá a devida atenção às comunidades dos bairros sociais?
Será que o estado está efetivamente comprometido no combate à pobreza nestas zonas?
Será que o estado não acaba por ter culpa pela criminalidade instalada nestes bairros?
Nos próximos WorkLabs continuaremos empenhados na promoção da justiça social e motivados para a transformação social, económica, política e ambiental. Se, como nós, acreditas que é necessário promover a justiça social e agir para a transformação social, política, económica e ambiental, junta-te ao grupo e envia-nos um e-mail para info@imvf.org, com os teus dados.