A forma como os migrantes são retratados pelos meios de comunicação social tem um impacto nas pessoas. É necessário mudar o discurso e a narrativa sobre as migrações, assim como combater os estereótipos associados aos migrantes. Pelo que o combate a notícias falsas, a informações sensacionalistas e incorretas nunca foi tão relevante. Este foi o mote para mais um momento de partilha, análise e debate, no WorkLab – Antítese II: Narrativas sobre as Migrações e os Media, que decorreu no dia 25 de fevereiro de 2021, entre as 17h e as 19h, em formato online, através da plataforma Zoom, com tradução simultânea.

Este foi o 4.º WorkLab organizado no âmbito do projeto TAS – Tese, Antítese, Síntese – Migration Labs e a sua dinamização ficou a cargo da equipa do projeto (De)Otheringdo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, representada por Rita Santos e Sílvia Roque, e da ONG belga Vocal Europe, representada por Felix Dejaiffe.

Sílvia Roque começou por apresentar o projeto (De)Othering, um projeto de 3 anos cujo intuito é desconstruir o risco e a alteridade, através da análise de representações e discursos mediáticos e políticos sobre migrantes, refugiados e outros internos em Portugal e na Europa.

Com foco nas narrativas mediáticas associadas à crise pandémica relacionadas com migrantes, refugiados e outros internos, Sílvia Roque destacou a forma como os media contribuem para a produção de alteridades vistas como “perigosas”, isto é, a representação de determinados grupos como origem e disseminadores do vírus, bem como o recurso frequente a analogias entre pandemia e guerra: o vírus é o “inimigo invisível”, salientando “que quando chamamos à atenção para um inimigo que é supostamente invisível, o vírus, na verdade muitas vezes o que estamos a fazer é a assinalar inimigos visíveis e reais, que são normalmente os grupos mais marginalizados da sociedade”. Com recurso a exemplos reais dos media portugueses publicados entre abril e novembro de 2020, Rita Santos, membro da equipa do projeto (De)Othering, apresentou situações onde os media podem ter contribuído para acentuar alteridades “perigosas”, assim como o pânico relacionado com migrantes, refugiados e outros internos, durante a situação pandémica vivida em Portugal.

Felix Dejaiffe, orador no WorkLab e representante da Vocal Europe, começou por contextualizar o panorama e a evolução dos meios de comunicação social belgas, com especial foco na situação da migração na Bélgica e a forma como os meios de comunicação social representam a migração, referindo ainda o impacto destes na opinião pública.

“Hoje em dia identificamos diferentes meios de comunicação, mais novos e mais ativos, especialmente nas redes sociais a fazer o seu caminho no panorama dos meios de comunicação social na Bélgica” afirmou Felix Dejaiffe na sua apresentação, destacando também que a maioria das pessoas na Bélgica procura ativamente informação na internet, o que mostra que “as plataformas online estão a fazer uma grande diferença nas narrativas dos media, especialmente para os migrantes”.

Com recurso a alguns exemplos de meios de comunicação social belgas, o representante da Vocal Europe salientou como as diferenças regionais nos meios de comunicação social e como a competição regional entre eles está a ajudar a mudar as narrativas e a dar voz a populações como migrantes e refugiados, dando como exemplo um podcast criado com o objetivo de dar voz a estas populações e reforçando a evolução dos meios de comunicação nas questões de migração.

Seguiu-se um debate durante o qual os participantes tiveram oportunidade de colocar várias questões aos oradores sobre os temas apresentados, nomeadamente, como é que os meios de comunicação social belgas fazem a distinção entre os migrantes provenientes de outros países da Europa e os migrantes provenientes de países fora da Europa, assim como o impacto que a forma como os meios de comunicação social representam esta dualidade tem na opinião pública.

Terminado o debate, seguiu-se a exibição de um dos vídeos do ciclo de Histórias de Vida criado pelo projeto TAS – Tese, Antítese, Síntese – Migration Labs, no qual Sollange Binhã nos conta a sua História de Vida. A saída da Guiné-Bissau. O campo de refugiados no Senegal. A chegada a Portugal com o estatuto de refugiada. O impacto que este acontecimento teve na sua vida. A história que construiu em Portugal. A Fundadora.

Nos próximos WorkLabs continuaremos empenhados na promoção da justiça social e motivados para a transformação social, económica, política e ambiental. Se, como nós, acreditas que é necessário promover a justiça social e agir para a transformação social, política, económica e ambiental, junta-te ao grupo e envia-nos um e-mail para info@imvf.org, com os teus dados.

Spread the love