A formação de produtores hortícolas para a implementação de práticas agroecológicas que permitam conciliar produtividade e produção hortícola sustentável é um dos eixos do Projeto de Apoio às Fileiras Agrícolas de Exportação (PAFAE), tendo em vista uma agricultura biológica e de qualidade em São Tomé e Príncipe.
A aplicação de biofertilizantes – adubos orgânicos líquidos ou sólidos que contém organismos e nutrientes para o crescimento de plantas saudáveis, deixando-as mais resistentes a ataques de pragas e doenças – como alternativa à utilização de fertilizantes minerais de síntese – tem sido alvo das formações dirigidas aos horticultores beneficiários do PAFAE. Os biofertilizantes podem ser utilizados tanto nas culturas alimentares e hortícolas, como nas de exportação, como a pimenta, o café, o cacau, o coco e a baunilha.
Entre maio e junho, foram realizadas 4 formações nas comunidades de Saudade, Monte Café, São José e São Carlos, que contaram, em média, com 20 horticultores, com uma vertente essencialmente prática. Durante as formações foi demonstrado o modo de preparação e de utilização do biofertilizante de ureia natural, bem como transmitidas várias informações sobre o tempo de conservação e alguns alertas a ter em conta na preparação e aplicação do mesmo.
Elguer Trindade, 40 anos, é horticultor da comunidade de Saudade. Participou nas 4 formações sobre biofertilizantes promovidas pelo PAFAE. Colabora há cerca de 1 ano com o projeto no campo demonstrativo de horticultura da comunidade de Saudade e, recentemente, tornou-se sócio técnico – ou seja, um agregador e multiplicador de conhecimentos junto dos horticultores da sua comunidade. “Antes não via como se faziam os biofertilizantes, porque vinham de uma fábrica, agora vejo como se prepara este adubo natural. Hoje aprendi muito e já sei como trabalhar com o grupo de horticultores de Saudade. Enquanto socio técnico trabalho com 14 pessoas”. Conta que cultivou repolho, tomate e alface com estrume, mas após um mês e meio, a planta enfraqueceu e foi necessário aplicar biofertilizante, sendo que entre 8 a 10 dias, os produtos hortícolas prosperaram.
Geraldo Cravid, técnico de horticultura do PAFAE e formador em biofertilizantes considera que “as formações tiveram um impacto positivo porque os produtores estão a aplicar os conhecimentos nas suas respetivas parcelas”. E acrescenta: “Pelo facto de terem conseguido aprender e aplicar os biofertilizantes, estão a diminuir os custos, pois antes compravam os biofertilizantes e agora estão a fazê-los. Estas formações aconteceram também porque o local onde compravam os biofertilizantes era longe em relação às comunidades”.
Até ao final deste ano, está prevista a realização de uma formação sobre pragas e doenças e outra sobre biofertilizante enriquecido com folhas.
O Projeto de Apoio às Fileiras Agrícolas de Exportação (PAFAE) de São Tomé e Príncipe é financiado pela União Europeia e cofinanciado pela Cooperação Portuguesa através do Camões, I.P. e implementado pelo Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) em estreita parceria com o Ministério de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pesca (MADRP) de São Tomé e Príncipe e tem vindo a contribuir para a fortalecimento da economia e a criação de emprego em São Tomé e Príncipe no setor das fileiras agrícolas de exportação.