No dia 27 de outubro, teve lugar na sede do IMVF, o evento Inovação, boas práticas e a participação na área humanitária. A iniciativa, organizada pelo IMVF com o apoio da Plataforma Portuguesa das ONGD e o ISCTE-IUL, teve como objetivo disseminar os resultados do Projeto INOVHumRe – Inovação na resposta humanitária, proporcionando um ambiente de partilha e troca de experiências entre especialistas e profissionais do setor humanitário. O projeto INOVHumRe, financiado pelo Erasmus+, visa melhorar a formação de estudantes e profissionais na área de avaliação participativa. O projeto envolve colaborações entre universidades e ONGD de 5 países e concentra-se na pesquisa de métodos de avaliação, com o objetivo de melhorar a eficácia das ações humanitárias.
Patrícia Fonseca, Presidente da Plataforma Portuguesa das ONGD, refletiu sobre a necessidade e mérito de colaboração entre instituições académicas e organizações que atuam no terreno, sobre a reflexão baseada em evidências e a coordenação entre as diferentes fases da resposta humanitária (conhecido como Triplo Nexo).
A Presidente da Plataforma reforçou também o compromisso da Plataforma Portuguesa das ONGD em intensificar a colaboração e partilhar conhecimento, incluindo os materiais produzidos no âmbito do projeto INOVHumRe. Elogiou em particular a formação contínua de profissionais na área de Ação Humanitária e destacou a importância da colaboração com parceiros internacionais para criar capacidades transversais em diferentes regiões do mundo.
Paulo Pedroso, professor do ISCTE e coordenador do projeto INOVHumRe, destacou a importância da formação em Ação Humanitária, especialmente no âmbito da avaliação, que é mais frágil do que em contexto de cooperação para o desenvolvimento, mas de extrema necessidade. Foi por esta razão que o projeto se centrou na pesquisa e na formação em Avaliação participativa em Ação Humanitária. Durante o evento foram apresentados os diversos materiais que foram desenvolvidos para esse fim: um manual sobre a avaliação participativa, um podcast, um curso lecionado em 3 universidades Europeias (ISCTE – Portugal, UNED – Espanha e HACETTEPE – Turquia), e ainda referida a realização de um grande evento final, que decorrerá no ISCTE entre 13 e 17 de novembro, sobre avaliação participativa e co-design em ação humanitária, com menção especial ao trabalho social.
O coordenador do projeto concluiu que, apesar da pressão do trabalho, que por vezes não permite parar e refletir sobre nossas ações, é fundamental estabelecer uma estratégia de intervenção sólida, e onde as circunstâncias o permitam (nomeadamente, em situações de conflito prolongado e crises humanitárias que se arrastam) com base na participação ativa da comunidade no planeamento das atividades, adaptando-se às necessidades em constante evolução. Além disso, enfatizou a necessidade de os financiadores compreenderem que as realidades são dinâmicas e em constante mudança.
Carolina Quina, administradora do IMVF, interveio a seguir, abordando exemplos do terreno que evidenciam a importância da participação de todos os atores, citando, nomeadamente, o exemplo do projeto Territórios sustentáveis para a Paz no Caquetá, financiado pela União Europeia e cofinanciado pelo Camões I.P., e implementado em parceria com a Red Adelco, entre 2018 e 2022, na Colômbia. Neste projeto, dois elementos-chave foram centrais para o desenvolvimento de um projeto verdadeiramente participativo que abordasse as necessidades reais dos participantes: a capacidade de ouvir e a habilidade de se adaptar. Por um lado, a capacidade de ouvir e agir com base no feedback recebido significava estar presente e ter contacto direto com os participantes, com uma equipa liderada por profissionais locais que conheciam o contexto e as comunidades beneficiárias. Isso permitiu que o projeto fosse capaz de gerar uma mudança sustentável e duradoura, que resultou do papel ativo das próprias comunidades e não imposta do exterior.