No dia 4 de março de 2011, realizou-se a primeira consulta via telemedicina entre Portugal e São Tomé e Príncipe através da 1.ª geração da plataforma Medigraf (circuito via satélite, ponto a ponto), com integração de exames como raio-x, ecografia e ecocardiograma e ligando o Hospital Dr. Ayres de Menezes à sala de telemedicina na sede do IMVF, em Lisboa.

Desde então, a plataforma conheceu uma evolução tecnológica significativa, tornando-se mais eficiente e colocando Portugal na vanguarda das tecnologias de informação e comunicação ao serviço da saúde.

Em junho de 2013, foi lançada a 2.ª geração da Plataforma Medigraf, funcionado em circuito via rede sem fios, com 2MB de largura de banda, multiponto, ambiente web, ficheiro clínico, com integração de equipamento médico com imagem DICOM – Digital Imaging and Communications in Medicine.

Mais tarde, em fevereiro de 2015, a especialidade de Oftalmologia foi integrada na plataforma de telemedicina através do TELEYE, uma solução pioneira que engloba um conjunto de 6 equipamentos para a realização de exames oftalmológicos completos à distância, em tempo real e em diferido. As imagens dos olhos do paciente, obtidas através de diferentes exames oftalmológicos, têm a qualidade, a acuidade e o rigor exigidos para a obtenção de um diagnóstico clínico seguro, à distância. Instalada em São Tomé e Príncipe, onde, na altura, não existia nenhum médico oftalmologista, o TELEYE permite uma avaliação da saúde visual em tempo real.

Em junho de 2016, a especialidade de Imagiologia foi expandida com a integração de novos exames na plataforma, nomeadamente TAC, mamografia e ecografia mamária. Nesta fase, a plataforma de telemedicina foi também alargada à especialidade de Dermatologia (TeleDermatologia). No mesmo ano, em novembro, foi integrada a especialidade de Otorrinolaringologia através da TeleORL, que veio permitir a realização de consultas e exames da especialidade, tais como laringoscopias, otoscopias, faringoscopias.

Um novo passo histórico foi dado em julho de 2021, com a integração da especialidade de Gastroenterologia na plataforma de telemedicina através da TeleGastro, que tornou possível o rastreio (através da realização de exames invasivos, como endoscopias e colonoscopias) e a prevenção e o tratamento de várias patologias ao nível do esófago, estômago, duodeno e anorretal, oferecendo possibilidade de diagnósticos e orientação terapêutica, em tempo real. Na mesma ocasião foi inaugurado o novo Serviço de Imagiologia e Telemedicina do Hospital Dr. Ayres de Menezes, com instalações ampliadas, melhoradas e atualizadas com novos equipamentos.

No final de 2021, no âmbito de uma visita oficial a São Tomé e Príncipe, o Primeiro-Ministro de Portugal, Dr. António Costa, ficou a conhecer os progressos alcançados pelo Programa Saúde para Todos, tendo tido oportunidade de visitar a nova Unidade de Gastroenterologia e Telemedicina Dr. José Eduardo Pina Cabral, o novo Serviço de Imagiologia e Telemedicina, bem como o bloco operatório reabilitado pelo projeto. O Primeiro-Ministro assistiu, ainda, à realização de consultas via Telemedicina entre São Tomé e Príncipe e Portugal. Na sua conta de Instagram, o Primeiro-Ministro publicou: “O programa Saúde para Todos continua a ser emblemático nas relações de cooperação entre Portugal e São Tomé e Príncipe. A parceria entre o Camões, I.P., o Ministério da Saúde de Portugal, o Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe e o IMVF é um dos mais importantes programas da Cooperação Portuguesa.”

Assim, importa assinalar que estes 12 anos de Telemedicina permitiram romper as barreiras do tempo e do espaço na prestação de cuidados de saúde, revolucionando o panorama da cooperação em saúde entre Portugal e São Tomé e Príncipe.

As consultas de telemedicina entre os dois países permitem o seguimento e a orientação de casos clínicos mais complexos e, paralelamente, a formação e o aconselhamento à distância dos profissionais de saúde são-tomenses, minimizando a ausência de recursos humanos especializados em São Tomé e Príncipe. Esta tecnologia veio permitir a observação médica a milhares de quilómetros de distância com a mesma qualidade de uma observação presencial. Adicionalmente, o recurso a esta tecnologia permite uma poupança significativa ao Estado português e são-tomense, na medida em que reduz a necessidade de evacuação de doentes para Portugal.

A atual fase do projeto Saúde para Todos – Consolidação do Sistema Nacional de Saúde de São Tomé e Príncipe é implementada pela AMVF – Associação Marquês de Valle Flôr, pelo IMVF – Instituto Marquês de Valle Flôr, em estreita parceria com o Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe e financiado pela Cooperação Portuguesa, através do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e da Direção-Geral da Saúde de Portugal.

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