Observatório da Paz 

Nô Cudji Paz

Guiné-Bissau: um mosaico étnico, linguístico, religioso e exemplo de tolerância

Desde a independência em 1974, a Guiné-Bissau passou por consideráveis convulsões políticas e militares. Todavia, num país com 1.624.945 habitantes, os quais se agrupam entre 27 a 40 grupos étnicos, sendo os mais representativos o Fula (28,5%), Balanta (22,5%), Mandinga (14%), Papel (9,1%), Manjaca (8,3%), entre outros (abaixo dos 3,5%), a coexistência tem sido pacífica. À riqueza cultural causada pela diversidade étnica e linguística acresce o pluralismo religioso com o islamismo a abranger 45,1% da população, o cristianismo 22,1% (entre os quais os católicos romanos são maioritários), animismo (14,9%) e outras (17,9%). Apesar de toda esta diversidade, a Guiné-Bissau permanece um país pacífico, seguro, tolerante, em contraste com os seus países vizinhos, e a instabilidade foi essencialmente relegada para o campo político-partidário.

Fenómenos de pobreza e exclusão social como alavanca para a radicalização

A instabilidade que se vive nos países vizinhos agravada pelo extremismo religioso, encontra em algumas comunidades guineenses com deficiente acesso a serviços públicos essenciais (educação, saúde, transportes, água e saneamento, eletricidade), conjugado com o aumento do custo de vida, nomeadamente a nível dos bens alimentares e dos fatores de produção, as condições adequadas para o desenvolvimento de fenómenos de pobreza e desinserção social, nomeadamente entre os mais jovens, que conduzem à emigração de jovens para países da sub-região para formação religiosa e à tentativa de emigração para a Europa.

O extremismo por conflitos étnico-religiosos

O agravamento do contexto político-económico contribui para agudizar as relações entre comunidades, sendo que os pretextos étnicos, religiosos e financeiros atuam como alavanca para a conflitualidade. Os tradicionais conflitos pelo roubo de animais, produção agroalimentar, acesso à propriedade, são também agudizados pelas provocações entre credos como o conflito entre a visão cristã mais ortodoxa (evangélicos) e o animismo, bem como o aproveitamento do crescimento das comunidades islâmicas como objeto de disputa partidária. Os fenómenos de radicalização que vemos nos países da sub-região encontram, assim, condições para se poderem reproduzir no país.

Neste sentido, é fundamental adotar uma abordagem centrada na prevenção, baseada em estratégias e ações informadas e proativas.

O Observatório da Paz “Nô Cudji Paz” é um projeto que pretende contribuir para o diálogo e a prevenção da radicalização e do extremismo na Guiné-Bissau, através do reforço da participação, trabalho em rede e estabelecimento de parcerias estratégicas entre Organizações da Sociedade Civil (OSC) e outros atores sociais e políticos. Para o efeito, além do espaço da Casa dos Direitos em Bissau, o projeto disporá de três escritórios regionais e uma rede de pontos focais em todo o país.

OBJETIVOS

Geral: contribuir para o diálogo e a Prevenção da Radicalização e do Extremismo Violento (PREV) na Guiné-Bissau.

Específico: reforçar a participação, o trabalho em rede e o estabelecimento de parcerias estratégicas entre Organizações da Sociedade Civil (OSC) e outros atores sociais e políticos para abordar e prevenir a radicalização e o extremismo violento.

PÚBLICO-ALVO

  • 80 membros de Organizações da Sociedade Civil (OSC) da Guiné-Bissau;
  • Associações religiosas;
  • Organizações com intervenção na área do empoderamento das mulheres;
  • Organizações juvenis;
  • 35 jornalistas e membros de meios de comunicação social;
  • 40 quadros dos Ministérios do Interior e da Justiça da Guiné-Bissau;
  • Comunidades rurais e periurbanas em todo o país.

ATIVIDADES

  • Produção de conhecimento e monitorização dos conflitos a partir da operacionalização de um Observatório para a Paz.
  • Reforço das capacidades técnicas, partilha de conhecimento, coordenação e trabalho em rede entre organizações da sociedade civil (OSC) e outros atores sociais e políticos para a abordagem e prevenção dos fenómenos da violência a nível nacional e na sub-região.
  • Iniciativas para a paz, através da mobilização das comunidades para contrariar as narrativas da radicalização e do extremismo, com particular destaque para as mulheres e jovens.
  • Promoção de reformas políticas e legais para a prevenção e resposta à radicalização e ao extremismo violento.

NOTÍCIAS

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10/07/2023 União Europeia apoia a Formação dos Imames no Domínio da Prevenção do Radicalismo e Extremismo Violento

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23/05/2023 Observatório da Paz reforça o papel dos jornalistas guineenses na prevenção do radicalismo e extremismo violento

10/05/2023 Observatório da Paz promove reforço de capacidades dos jornalistas guineenses no domínio da Prevenção do Radicalismo e Extremismo Violento

03/03/2023 Projeto Observatório da Paz – Nô Cudji Paz reforça a capacidade da sociedade civil no domínio da Prevenção do Radicalismo e Extremismo Violento (PREV) no leste da Guiné-Bissau

24/02/2023 Observatório da Paz “Nô Cudji Paz” promove I.° Ação de Formação dos Membros das Organizações da Sociedade Civil sobre Prevenção do Radicalismo e Extremismo Violento na Guiné-Bissau

03/02/2023 Mulheres guineenses juntam-se pela Paz – 30 de janeiro

26/01/2023 Projeto Observatório da Paz – Nô Cudji Paz assinala Dia Nacional das Mulheres na Guiné-Bissau com Roda de Mulheres

24/01/2023 Primeiro “Djumbai di Paz” promovido pelo projeto Observatório da Paz – Nô Cudji Paz em Gabu

12/12/2022 Líderes Religiosos reunidos em Bissau adotam por unanimidade Agenda Comum para a Paz na Guiné-Bissau

29/11/2022 I Encontro Nacional de Reflexão de Líderes Religiosos para a Prevenção do Radicalismo e Extremismo Violento

09/11/2022 IMVF e LGDH inauguram escritórios regionais do projeto Observatório da Paz “Nô Cudji Paz” nas províncias Leste e Sul da Guiné-Bissau

21/10/2022 IMVF e Instituto Timbuktu assinam Memorando de Entendimento

25/07/2022 Lançamento do projeto “Observatório da Paz – Nô Cudji Paz”

18/07/2022 Cerimónia de apresentação pública do projeto “Observatório da Paz” | 20 de julho, Bissau

Este projeto contribui para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16.